Cada ser humano a chorar
Na maternidade hospitalar
Com seus pequenos dedos a agarrar
O direito da liberdade desfrutar
Através dos anos infiltrar
Experiências complexas enfrentar
A personalidade desvendar
E o lugar no mundo procurar
A Rédea apertada a guiar
Bridrão de ferro a machucar
Antolhos de couro a cegar
Freio brusco a traumatizar
Lhe foi tirado o direito de pensar
É pecado seu jeito de se expressar
Sua família vai te abandonar
E o inferno vai te abraçar
Passar a vida a amputar
Parte da personalidade para encaixar
Nos conceitos social e familiar
Para a cada segundo sangrar
Ela quer o direito de se libertar
Ter paz para respirar
O nome social usar
Olhar no espelho e não chorar
A família não quis aceitar
Na sarjeta ela foi parar
Comendo restos para não desmaiar
Dormindo no frio do luar
Emprego ela não vai encontrar
Ninguém quer uma mulher transexual contratar
A prostituição é o que vai restar
E as drogas para sua dor calar
A escolha dela foi escapar
De quem a deveria amar
A prisão moral e familiar
Que a jogou na rua para agonizar
Algumas vão ser espancadas até a morte chegar
Queimadas vivas e facadas a Rasgar
Outras a AIDS vai definhar
Tem aquelas que o frio e a fome vão matar
Mas existe aquela que a família vai apoiar
Muito amor e carinho vão dar
Ela vai o mundo enfrentar
E ajudar as amigas a levantar
Porque ela sabe que quando voltar
Para casa a família vai encontrar
Mesmo quando alguém a tentar matar
No colo da mãe a paz vai encontrar.
Indicação de música para refletir: Pra quem duvidou - Quebrada Queer, Apuke
- Autor: Ashira Saiko (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 16 de julho de 2022 17:21
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 19
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