ELE SOU EU

Arlindo Nogueira

Para defender seu estado

Na Brigada o jovem entrou

Foi aprender ser Soldado

Tudo lá para trás deixou

Levando na mala sonhos

Lá pro quartel deslocou

Um mundo ainda estranho

Mas tudo assim começou

Na marcha seguiu o passo

Da banda fez o compasso

Tal qual sempre sonhou

 

Todas manhãs o recruta

Passava alguma barreira

Sob alvorada começava

Hasteamento da Bandeira

Barbear-se e lustrar fivela

Eram suas lutas primeiras

Marchando em esparrela

Ao adentrar na trincheira

Seguia sempre a instrução

Montar desmontar canhão

Técnica da vida guerreira

 

Andou em campos hostis

Se preparando pra guerra

De honra ao mérito feliz

Para defender a sua terra

Segurança e hombridade

O bom Soldado não erra

No interior ou na cidade

Lutar para vencer a fera

Usando táticas de abrigo

Ao confrontar o inimigo

Que lá na curva te espera

 

Gratidão aos seus amigos

Que mandaram um abraço

E sempre estarão contigo

Te seguindo passo a passo

Desde infância muita lida

Para ocupar o seu espaço

Hoje a caserna é sua vida

Na sua missão o compasso

Do seu ventre verde pariu

Um grande Soldado bravio

Com uma excalibur de aço

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de julho de 2022 02:00
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Ele Sou Eu” em terceira pessoa, relacionando o discurso poético ao pronome “ele” que sou “eu”, para evitar ruminação. Já dizia Sócrates, “a vida não examinada não vale a pena ser vivida”. Portanto, a simples ruminação não é uma resposta satisfatória, pois, é provável que você fique preso nos seus próprios pensamentos e perder-se. Assim, para evitar a pressão sobre si mesmo, Samuel Taylor, em 1809, adotou o termo “ileísmo” de Julio Cézar, ou seja, falar sobre você na terceira pessoa significa ele ou aquilo. A ideia é que essa pequena mudança de perspectiva possa limpar a neblina emocional, te permitindo enxergar para além do seu viés. Portanto, essa poesia conta a minha história militar, iniciada em 1981, na Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Eu desde muito novo tinha o sonho de ser um Soldado e nos 4° e 5° versos da 1ª. estrofe, resume a minha vida da época: “Tudo lá para trás deixou” “Levando na mala sonhos”. Saí de Pato Branco, PR, onde morava com meus pais, no dia 16 de Outubro de 1981, só com uma mala e a inscrição para o concurso de Soldado da Brigada Militar, em Erechim,RS. Fui feliz, passei no concurso e sentei praça no dia 24 de Outubro daquele ano. Fiz carreira dentro da corporação, fui de Soldado a Oficial, batalha grande mais vencida graças a Deus. Eu guardo uma frase de Charles Chaplin, “Soldados! Não vos entregueis a esses brutais...que vos desprezam...que vos escravizam...que arregimentam as vossas vidas...que ditam os vossos atos, as vossas ideias e os vossos sentimentos!...”. Por conseguinte, os dois últimos versos dessa poesia, marcam minha trajetória guerreira. “Um grande Soldado bravio” “Com uma excalibur de aço”. Essa coragem destemida, reflete no que Charles Chaplin disse e nos três últimos versos da 3ª. estrofe: “Usando táticas de abrigo” “Ao confrontar o inimigo” “Que lá na curva te espera”. Boa leitura a todos.
  • Categoria: Não classificado
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Comentários +

Comentários1

  • Maria dorta

    Muita sensibilidade poética e um belo poema quase épico,revelando teus ideais e o dia a dia dos soldados. Geralmente,eles dão buchas de canhão( uma pena!) e dão a vida pela Pátria .mas os donos da Pátria,mandam a tropa lutar,decidem em seus gabinetes de luxo, quem vai se sacrificar para outros salvar. Quem manda quase nunca vai para o front de guerra! E quantas vidas perdidas e mães,esposas,família de luto! Em nome de quem?

    • Arlindo Nogueira

      Obrigado Maria dorta, pelo seu carinho de sempre! Seus comentários são ricos de contextualização e generosidade de uma grande poetisa. Suas palavras são como as de Clarice Lispector: "A prece profunda não é aquela que pede, a prece mais profunda é a que não pede mais."
      Grande abraço.

      • Maria dorta

        Essa tua observação já vale pra outro poema. Gratidão total!

        • Arlindo Nogueira



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