Sangue Preto
De negra alma?
Ainda presa a grilhões
Por que Senhor
Por que ainda esse peso
Por que ainda essa dor?
Ja não basta
A dor da velha Matriarca
Ja não basta o vento
Que soprou da África?
Não foram suficientes
Os antigos porões?
Por que ainda
Algozes
Ferozes
Que não mais
Do punho o chicote
No lombo resvala
Porém brutal e atroz
Hoje a mesma dor se iguala?
Não mais em navio negreiro
Nem tampouco a nau errante
Está em pleno mar
Mas continua nas vagas
Que sopra de par em par
O mesmo vento de antes
E nas mesmas ondas antigas
O mesmo martírio
Castigas?
Por que Senhor?
Por que Senhor
A Áurea não calou
As correntes que ainda predem
A dor que na cor ficou?
Por que, Senhor Deus dos desgraçados
Ainda na ignomínia infame
Ecoa gritos desesperados
E não há prece que reclame
Senhor Deus dos mutilados?
Por que Senhor?
Ainda escorre nas vagas
Do mar outrora navegado
O sangue de inocentes
Impiedosamente derramado?
Por que Senhor
Do poeta o clamor não ouviram?
Seu grito Inda Hoje ecoa
E debalde no infinito
Ignorado ressoa:
- "... Onde estás, Senhor Deus
Que não respondes
Em que mundo, em que estrela Tu te escondes"...?
- Autor: Carlos (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 4 de junho de 2020 07:04
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 49
- Usuários favoritos deste poema: Carlos Lucena
Comentários2
Poema forte! Transmite a importante mensagem com uma beleza e harmonia admiráveis!
É isso, poeta! A poesia não deve ser uma inspiração ou construção superficial, precisamos buscar no âmago as dores da realidade, não deve ser apenas o que se sente, mas também o que se vê e o que se vive. Obrigado pelo comentário, obrigado ainda porque gostou...abraços!
O poeta expressa de forma bem precisa, a pergunta que sempre se faz, quando se sente a injustiça, não porque não saibamos a resposta, mas para definir a crença de um Deus soberano, e que acreditamos que Ele tenha o poder deagir. você escreve muito bem!
Vc também escreve muito bem, Vanda.
Eu conheço muito bem sua habilidade com as letras e com as palavras. É uma pena que o gosto pela poesia é de poucos.
Porém, viver já é poema escrito pela vida. E viva a poesia! E viva aos poetas!
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