O GRILO VERMELHO
Já vi absurdos nesse mundo real
Alguns eu não ouso meter o bedelho
O mais engraçado foi no reino animal
Num ôco de pau, um inseto vermelho
Notei se tratar ser apenas um grilo
Ao estridular, coisa igual nunca vi
Invés de fazer cri cri cri de estribilho
Soava chorrilho ao grilar mi mi mi
Bem antes que esse inseto se perde
Rapidamente num gesto me agacho
Lhe perguntei se ele nunca foi verde
Disse que "sim, nas asas, por baixo"
Também na barriga um tom amarelo
Que'le mesmo escondia ao sair por aí
O rubro é a cor que o deixa mais belo
Ao falar saltitou pra fazer mi mi mi
Perguntei à ele o que um grilo fazia
Alem de comer, fruta, caule e vegetal
Tentou convencer que escrevia poesia
Com ela trampava de cabo eleitoral
Ora, vejam só, mas que papo furado!
Eu só acreditei porque lhe conheci
Como pode estar no bailéu infiltrado
E o povo ouvir mi mi mi, mi mi mi?
Claro que é só mais um grilo vermelho
No meio de tantos escondido na greta
Seria na urna só um outro pentelho
Querendo também mamar nessa teta
A relva que nasce em chão brasileiro
É verde, tal qual, das terras remotas
Tua voz não reflete nosso país inteiro
Vá ver se um outro te abre as portas
Uma fruta apenas, apodrece o cesto
Use as asas e voe pra longe daqui
Nunca use poesia como pretexto
Já não se suporta mais tanto mi mi mi
- Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 30 de maio de 2022 00:15
- Comentário do autor sobre o poema: Os grilos são inofensivos. Para alguns dão sorte, para outros são pragas.
- Categoria: Fábula
- Visualizações: 33
Comentários2
Inteligente conto na perspectiva social e política. Parabéns
Gratidão Lilian por seu comentário. Fizeste excelente leitura. Aproveito pra dizer que não tenho notado recentes poemas teus. Ou estou equivocado? Se for um lapso meu, desculpe-me. Abraços e ótima noite pra você.
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