Pairando sobre
a letargia
dos antigos
campos rurais
Solidão de cercas
sumindo de vista
como os velhos tempos
longe, longe...
Alma triste
de um corpo doído
de mãos calejadas
em cabos de foices, enxadas...
Homem-lágrima
companheiro da saudade
violentamente solitário,
absurdamente mutilado
de seu lugar
de sua alegria
de seu trabalho
de seus sonhos
de tudo que para ele
era vida!
E doem as lembranças,
o desespero.
E desprende-se o choro
numa convulsão de espírito
derrubando o homem,
rebentando na lágrima
que suavemente escorre
pelo rosto franzido
de sol a sol.
Fazendo-o sentir os espaços
que o separam
de tudo que amava.
Impotência de recuperar
os tempos verdes
de verdes campos
que pareciam seus,
que pareciam parte sua!
E que eram
sua essência,
seu néctar,
sua ambrósia!
Tudo ficou para trás,
os velhos não suportam
a dureza do campo.
Só resta uma dor
indisfarçável,
um enorme soluço de pranto,
e Deus,
Deus!
Um corpo velho, franzino,
está encolhido na noite,
sofrendo nostalgia, frio,
dores internas e externas,
com pensamentos pairando sobre velhas paisagens.
Na cidade gelada
a circulação sanguínea de um velho corpo
pára.
E nesse momento
Criador e criatura
se tocam carinhosamente!
Deus é um infinito
campo verde, cheio de árvores copadas,
de pomares, de pássaros...
Um verde límpido
e calmo,
sem cercas,
sem fim!
- Autor: eduardo cabette ( Offline)
- Publicado: 29 de maio de 2022 11:54
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 15
Comentários2
Lindo poema de reflexão. É assim mesmo que acontece com as pessoas do campo.
Boa tarde, poeta Eduardo Carbette
Boa tarde! Obrigado Leide.
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