Sou roceiro, sou matuto
Mas tenho meu Estatuto
Nascido e vivendo aqui no Sertão!
Aqui não pude estudar
Muito pouco sei falar
A culpa não é minha não.
Toda a turma do meu tempo
Não era cabeça de vento
Cedo tinha que trabalhar!
Com a "Enxada" mal aguentava
Assim, já sumia na estrada
Pois, logo aprendia a "Capinar".
Era muito sofrimento
O pai cheio de sentimento
E não tinha outra saída!
O momento era agora
Se não o filho iria embora
Sem saber cuidar da vida.
Minha turma ainda criança
Mas com tanta esperança
Não temia trabalho algum...
Com "Inchadete" ou "Enxada"
Um Calo na mão que inchava
Os Roçados, capinava um a um.
Minha Mãe que tanto queria
Que pra escola eu fosse um dia
Trabalhava incansavelmente!
Ver seu filho sair da escola formado
Sendo um sujeito letrado
Isso era firme em sua mente.
Porém as coisas eram difíceis demais
De ver seu sonho realizado, ela não foi capaz
Naquele bravio e tão distante Sertão!
E ao Pé de uma Árvore frondosa
Uma grande Cobra venenosa
"Mordeu" minha mãe do coração.
A Mata que nos dá tanto remédio
Não pode evitar o eterno tédio
Pois com ela, alguém não tinha
E ali dentro daquela linda Mata
Naquela hora triste, tão ingrata
Infelizmente, ela morreu sozinha.
Fiquei eu, três irmãos e meu pai
Com essa dor que do peito sai
Certo que na escola não me formei!
Mas sei que minha mãe me acompanha
E pra ela ainda fiz uma grande façanha
Na escola da vida, um Homem honrado me tornei.
- Autor: Wilson Karvalho. (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 17 de maio de 2022 12:32
- Comentário do autor sobre o poema: Pensamentos e viagens de quem conviveu e ainda convive com a Caatinga, com a Mata e com os "Bichos" animais que lá vivem e que houvio várias e bonitas estorias na infância.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
Comentários1
Belo poema. Também vivo dentro desse âmago bucólico. Boa tarde. Um abraço!
Obrigado companheiro Vilmar pelo comentário.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.