Crack
Atravessa o nevoeiro,
fugindo pela rua
corre na noite crua,
o silêncio presente
carrega o desespero
que no escuro sente,
andando ligeiro,
descalço no frio,
tropeça no sonho
acorda no pesadelo,
encontra o vazio.
Descobre, no entanto,
quanto mais se afasta
mais se encontra,
não adianta fugir
para escapar de si,
sua sombra o acompanha,
seus medos o atormentam,
riem de sua desgraça
os fantasmas do passado,
marionete da vida,
vítima enfraquecida,
existência assombrada,
escreveu sua história,
borrou sua memória,
uma escolha enganada.
Entre o ébrio e o louco
o martírio não é pouco,
machucam os pés
que sangram as pedras
que fazem o caminho
e evaporam no cachimbo,
ansioso e assustado
dança sozinho,
gargalha o desvairado,
nervos em frangalhos,
treme o queixo,
escorre a baba,
arregala os olhos
e encontra nos trilhos
o seu fim infeliz.
-
Autor:
Altofe (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 6 de maio de 2022 10:48
- Categoria: Triste
- Visualizações: 42
Offline)
Comentários2
Triste realidade tão bem exposta em seu poema, meu amigo.
Tenha uma boa tarde, meu abraço!
Obrigado, por sua leitura estimada poeta. Abs.
O poema ,apesar de triste tema, é um primor de técnica e sensibilidade. Que alma gigante e bela deve estar no teu interior abrigada! Chapéu!
Fico grato com sua imensa gentileza. Peço perdão pela demora na resposta, atualmente vivo em um turbilhão de acontecimentos inesperados. Abs.
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.