Altofe

Crack

 

Crack

 

Atravessa o nevoeiro,

fugindo pela rua

corre na noite crua,

o silêncio presente

carrega o desespero

que no escuro sente,

andando ligeiro,

descalço no frio,

tropeça no sonho

acorda no pesadelo,

encontra o vazio.

 

Descobre, no entanto,

quanto mais se afasta

mais se encontra,

não adianta fugir

para escapar de si,

sua sombra o acompanha,

seus medos o atormentam,

riem de sua desgraça

os fantasmas do passado,

marionete da vida,

vítima enfraquecida,

existência assombrada,

escreveu sua história,

borrou sua memória,

uma escolha enganada.

 

Entre o ébrio e o louco

o martírio não é pouco,

machucam os pés

que sangram as pedras

que fazem o caminho

e evaporam no cachimbo,

ansioso e assustado

dança sozinho,

gargalha o desvairado,

nervos em frangalhos,

treme o queixo,

escorre a baba,

arregala os olhos

e encontra nos trilhos

o seu fim infeliz.