Está ali, na calçada, ao relento.
Onde está o ser humano, seu irmão,
onde está a criatura, cria tua,
onde está o cidadão, o “se dá ou dão”:
- Que contradição! Que afronta à ação!
A retórica sobre a mendicância,
vai do gesto absurdo do descaso,
à insensatez da petulância.
A ofensa, sem dó nem piedade,
vai do despautério, da fala indócil,
ao banalizar-se na mediocridade.
Está ali, na calçada, ignoto.
Onde está a sensibilidade, ou só labilidade,
onde está a doação, e dói a lição,
onde está o sujeito, sujo desse jeito:
- Que desafeição! Do que se diz feito!
A fecundidade sobre a indigência,
vai do olhar desprezível e de repulsa,
ao sublinhar da inteligência.
O pisoteio, que emburrece o caminhar,
vai do calçar as sandálias da rudeza,
ao deleite no escrachar.
Está ali, na calçada,
o exemplar do submundo,
errante, desguaritado, prófugo,
substantivado vagabundo.
- Autor: Marcelo Veloso ( Offline)
- Publicado: 5 de maio de 2022 11:36
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 16
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