Vim da margem do Rio Solimões
O meu clã vem da metade planta
Sou buriti palmeira que encanta
Faz o balanço da proa da escuna
Sobre águas dos furos e igarapés
Pescador de piranhas e tucunarés
Eu pari do ventre da tribo Ticuna
Sou Índio da selva da Amazônica
Velho guerreiro do verde sertão
Durmo em esteira jogada no chão
Na tradição aldeia tem seu nicho
A língua do Ticuna é tradicional
Do falar isolado no idioma tonal
Eu uso colar de dentes de bicho
Vivo bem distante da povoação
Na grande árvore ouço chilrear
Da patativa nos galhos a cantar
Sobre o Solimões fazendo festa
A ressoar nas folhas do tucumã
Hino imensurável das manhãs
Tal qual o som duma orquestra
Tenho orgulho da taba Ticuna
Da suprema divindade o tupã
Metade planta origem do clã
Como cacique Pedro Pinheiro
O chefe da tribo nos igarapés
Foi buriti foi arara e tucunaré
Índio Ticuna o puro brasileiro
- Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 30 de março de 2022 01:46
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a poesia “Sou Índio Ticuna”, para relembrar um povo ameríndio que habita atualmente a fronteira entre o Peru e o Brasil e o Trapézio amazônico na Colômbia. Formam uma sociedade de mais de 50 000 indivíduos, divididos entre Brasil (36 mil), Colômbia (oito mil) e Peru (sete mil). Na Amazônia brasileira, as tribos Ticunas, têm a língua classificada como uma língua isolada, língua tonal, entretanto pode estar relacionada à língua yuri, já extinta. De acordo com a história, os Ticunas eram índios que habitavam a terra firme e as cabeceiras dos igarapés. A vida dos Ticunas é marcada por contatos violentos com outros povos ameríndios, seringueiros, madeireiros e pescadores na região do rio Solimões. De acordo com registro do padre José de Morais, em 1860, foi somente com a exploração da borracha que os Ticunas desalojados dos centros das matas pelos caucheiros, passaram a aparecer mais frequentemente nas beiras dos rios, principalmente do rio Solimões. De acordo com seus mitos, os Ticunas são originários do igarapé Eware, situado nas nascentes do igarapé da margem esquerda do rio Solimões, no trecho entre Tabatinga e São Paulo de Olivença. Este município possui uma área territorial equivalente a 20 milhões de km² e uma população estimada de 39 mil habitantes, de acordo com o IBGE (Dados de 2018).
- Categoria: Natureza
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