Arlindo Nogueira

SOU ÍNDIO TICUNA

Vim da margem do Rio Solimões

O meu clã vem da metade planta

Sou buriti palmeira que encanta

Faz o balanço da proa da escuna

Sobre águas dos furos e igarapés

Pescador de piranhas e tucunarés

Eu pari do ventre da tribo Ticuna 

 

Sou Índio da selva da Amazônica

Velho guerreiro do verde sertão

Durmo em esteira jogada no chão

Na tradição aldeia tem seu nicho

A língua do Ticuna é tradicional

Do falar isolado no idioma tonal

Eu uso colar de dentes de bicho

 

Vivo bem distante da povoação

Na grande árvore ouço chilrear

Da patativa nos galhos a cantar

Sobre o Solimões fazendo festa

A ressoar nas folhas do tucumã

Hino imensurável das manhãs

Tal qual o som duma orquestra

 

Tenho orgulho da taba Ticuna

Da suprema divindade o tupã

Metade planta origem do clã

Como cacique Pedro Pinheiro

O chefe da tribo nos igarapés

Foi buriti foi arara e tucunaré

Índio Ticuna o puro brasileiro