FAVELA

Arlindo Nogueira

Favela vista de fora é franja do grande centro

Andar por entre vielas conhecendo cada uma

Fotografia do Guma olhar que vem de dentro

 

Essa expressão concreta conquista a literatura

Fala do beco do gueto uma imagem nua e crua

Labirinto que continua marca da contracultura

 

Neoconcretismo, Tropicália e Poesia Marginal

Movimentos periféricos da juventude diferente

De escritos irreverentes das do cânone universal

 

Olhar que vem de dentro vê do que a alma sente

A voz vivaz da periferia denuncia o ser e o nada

O gueto não quer ser nada só ser morada de gente

 

Visão abstracionista linguagem do geometrismo

Favela não é sofisma ensombrecer sem respostas

Povo que luta e aposta e não gosta de ser abismo

 

Favela é uma cidade onde a diversidade constrói

Onde o jovem canta o rap, dança break universal

Um dia Oiticica disse: Seja Marginal. Seja Herói!

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de março de 2022 12:02
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “Favela”, após ler o Livro Capão Pecado de Ferréz, cuja a historicidade é originária da Favela do Bairro Capão Redondo, do Estado de São Paulo. Essa literatura me levou ao começo do Movimento Concretista no Brasil, publicado na revista Noigandres por três poetas: Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, que se fixa no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Durante o Concretismo no Brasil, houve diferenciação entre tipos de poesias, como: Poesia-Práxis: Lançada a partir de 1961 com o Manifesto Didático, liderada por Mário Chamie, considerava a palavra um organismo vivo, o qual gera o outro. E foi da Poesia Social, ilustrada por Ferreira Gullar, que o movimento literário dos anos 60 e 70 no Brasil, propôs a Tropicália e a Marginália, encarnações com alegoria benjaminiana relacionando-as ao trabalho multifacetado de Torquato Neto.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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