Arlindo Nogueira

FAVELA

Favela vista de fora é franja do grande centro

Andar por entre vielas conhecendo cada uma

Fotografia do Guma olhar que vem de dentro

 

Essa expressão concreta conquista a literatura

Fala do beco do gueto uma imagem nua e crua

Labirinto que continua marca da contracultura

 

Neoconcretismo, Tropicália e Poesia Marginal

Movimentos periféricos da juventude diferente

De escritos irreverentes das do cânone universal

 

Olhar que vem de dentro vê do que a alma sente

A voz vivaz da periferia denuncia o ser e o nada

O gueto não quer ser nada só ser morada de gente

 

Visão abstracionista linguagem do geometrismo

Favela não é sofisma ensombrecer sem respostas

Povo que luta e aposta e não gosta de ser abismo

 

Favela é uma cidade onde a diversidade constrói

Onde o jovem canta o rap, dança break universal

Um dia Oiticica disse: Seja Marginal. Seja Herói!