Rosália da xepa
Uma coisa certeira é que em dia de feira,
descendo a viela, batendo canela,
vinha a Rosália arrastando a sandália,
passava toda contente, sorrindo pra gente,
e dava-nos um bom dia, com toda a sua alegria,
sempre era a primeira, chegava cedo na xepa do fim da feira,
para com qualquer feirante poder conversar bastante,
brincava feliz e ria enquanto da xepa se servia,
todo feirante a ajudava e alguma coisa boa lhe guardava,
era nesse instante que a querida visitante
algum presente ganhava e deliciosas frutas levava,
saía de sacolas cheias, não tinha verduras feias,
era tudo presente para essa lutadora persistente,
emocionada Rosália agradecia e com uma bênção retribuía,
e isso porque sabia que hoje seu filho comeria.
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A nossa Rosália faceira, que era a alegria da feira,
voltava para o seu morro, na vila do socorro,
o corpo carregado doía, mas do filho faminto não esquecia,
pensava: _hoje o menino vai comer pra ficar forte e crescer,
_vai ter vontade de estudar e um bom trabalho encontrar,
_um dia uma moça boa vai conhecer um neto ainda vou ter,
_a criança será estudada pra jamais sentir-se humilhada,
_para que ninguém nunca lhe pise e que pedir na feira não precise,
assim Rosália levava a sua vida, com esperança e muito agradecida.
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Mas um dia o sonho acabou, foi quando seu chão desabou,
o céu revolto anunciava a chuva que logo chegava
assim que escureceu Rosália para casa correu
rapidamente o morro subiu foi quando aquele temporal caiu
e o desastre aconteceu, então, foi o morro que desceu,
desesperada não acreditou, que a lama do morro seu filho levou,
tudo que tinha se perdeu e um pedaço dela ali morreu,
pobre Rosália desceu a ladeira, triste com a vida traiçoeira,
e com olhar profundo desistiu daquele mundo,
Rosália nunca mais sorriu, na feira ninguém mais a viu,
mas lá até hoje ainda é lembrada, mal sabia ela o quanto era amada.
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Existem muitas pessoas,
que são simples, puras e boas
que trabalham, sobrevivem, batalham
e não encontram a boa sorte que se merece
aqui eu rogo por elas, e em silêncio elevo uma prece.
- Autor: Altofe (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 8 de março de 2022 08:24
- Comentário do autor sobre o poema: Dedicado às bravas mulheres que lutam sozinhas e jamais se abatem para dar o melhor possível para a sobrevivência de seus filhos.
- Categoria: Conto
- Visualizações: 45
Comentários2
Triste que são tantas Rosálias para tão poucas preces, parabéns por não esquecê-las...Belíssimo.
Obrigado poeta, tens razão é isso muito triste. Abs.
Uma bela homenagem as mulheres que lutam diariamente para manterem-se vivas, realidade de tantas brasileiras.
Boa tarde, poeta José Altofe Queirolo.
Fico grato por sua visita, estimada poeta, sobretudo ela merecem nosso respeito. Abs.
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