A aridez fixa e alinha,
quando encontra flagelo,
e numa rapidez daninha,
corta como um cutelo.
E no compasso do escasso,
o vazio deixa cicatriz,
colocando frenético, um traço,
que vai fixando como raiz.
Qual é a imagem que você tem,
da figura que você se desenhou?
Qual é a verdade que se tem,
da criatura que você se tornou?
A ligeireza então aprofunda,
fixando como um rizoma,
corroendo nas veias profundas,
o mais fatigado sintoma.
O desenho está estampado,
no seu corpo, na sua pele,
só que marca não é machucado,
para que se desaprove ou se nivele.
Qual é a estampa que você tem,
da gravura que você se revelou?
Qual é a realidade que se tem,
da pessoa em que você se inspirou?
E no imo que a mancha da tintura,
sobre a linha desenhou,
a sabedoria faz uma rial leitura,
do registro permanente que ficou.
Os fragmentos sobram ao chão,
numa resposta sem vivacidade,
e no regozijo entre o sim e o não,
não há mais, sequer, liberdade.
Qual é o desenho que você considera,
do esboço em que te abarcas?
Qual é a certeza que você espera,
de um humano cheio de marcas?
- Autor: Marcelo Veloso ( Offline)
- Publicado: 3 de março de 2022 12:04
- Comentário do autor sobre o poema: Marcas nítidas, ocultas, confusas, grotescas, extremas, evocativas, reptadoras, denotativas, enfim, marcas que fixam, que ficam, que significam, que se apropriam do espaço e tempo, no estabelecer de uma razão, talvez, conformadamente unicista.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 8
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