Vida no Pampa - voltando pra casa
Broto no galho,
flor no caminho.
Pé que anda descalço
encontra o espinho.
Pra lida na campanha,
então monto o pingo,
meu fiel companheiro
de domingo a domingo.
Porteira aberta
voltando da invernada.
Prenda bonita,
já penso na amada.
Mata verde
terra molhada.
Pardal feliz bicando
sementes na estrada.
A pitangueira branca
já floresceu.
O João-de-barro
me reconheceu.
Boi tranquilo
ruminando o capim.
Bem-te-vi no alto
canta para mim.
Caturritas voando
gritam em bando,
estão avisando todos
que estou chegando.
O rancho de cal
que sempre me espera
guarda um coração
que já acelera.
Então me apuro,
rebenque no baio.
Galopa brabo
me olha de soslaio.
Cevando o amargo
com a cuia na mão,
água quente, erva sombreada,
a prenda me prepara o chimarrão.
Vejo-a de pé
lá na soleira,
a minha chinoca
toda faceira.
Ela me aguarda,
e sente falta de mim.
Traz o seu beijo doce,
meu mel de camotim.
- Autor: Altofe (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 28 de fevereiro de 2022 12:02
- Categoria: Amor
- Visualizações: 25
Comentários4
Muito bonito! Gostosa leitura em versos que ditam o ritmo!
Abraço, meu amigo
Muito obrigado estimado poeta, é um texto com alguns termos regionais do sul, que dificulta um pouco a compreensão de quem não está familiarizado, mas objetiva expressar a simplicidade e inocência da vida rural, e a valorização que o homem do campo dá às pequenas maravilhas que a natureza lhe oferece. Abs.
Boa noite poeta.
Viajei na sua narrativa ritmada, muito bom!
Voltar e encontrar o amor à espera, isso faz com que se atente para a natureza que também o espera. Grata por partilhar!
Meu abraço.
Muito obrigado por sua apreciação, encaixar amor no poema sempre vale a pena. Abs.
Altofe,as maravilhas que saem de tua poesia,mente Sadia, toques de regionalismo,alargando nossos horizontes para os mistérios de tua região e me fazendo ficar cada dia mais atônita e fã de tua vocação poética. Tem gosto de quero mais! Aplausos!
Estou super agradecido por sua amável consideração. E utilizando linguagem do "gauchês" posso afirmar que - Estou mais faceiro com seu comentário do que mosca em tampa de xarope. Abs.
Puxa, que bonito, até me vi neste cenário.
Feliz inspiração meu querido poeta, Jose Astolfe Queirolo.
Bom feriado e curta este lugar aconchegante e bucólico!
Obrigado, poeta. Por curiosidade comecei esse poema pela última palavra, quando contava aos meus filhos que quando criança que subíamos, a pé por dentro d´água, o Arroio Santa Bárbara em Caçapava do Sul, procurando cachopas de Camotim penduradas nos galhos sobre o arroio para tirar o mel. Ô ferrãzinho dolorido. kkk Abs.
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