Vida no Pampa - voltando pra casa
Broto no galho,
flor no caminho.
Pé que anda descalço
encontra o espinho.
Pra lida na campanha,
então monto o pingo,
meu fiel companheiro
de domingo a domingo.
Porteira aberta
voltando da invernada.
Prenda bonita,
já penso na amada.
Mata verde
terra molhada.
Pardal feliz bicando
sementes na estrada.
A pitangueira branca
já floresceu.
O João-de-barro
me reconheceu.
Boi tranquilo
ruminando o capim.
Bem-te-vi no alto
canta para mim.
Caturritas voando
gritam em bando,
estão avisando todos
que estou chegando.
O rancho de cal
que sempre me espera
guarda um coração
que já acelera.
Então me apuro,
rebenque no baio.
Galopa brabo
me olha de soslaio.
Cevando o amargo
com a cuia na mão,
água quente, erva sombreada,
a prenda me prepara o chimarrão.
Vejo-a de pé
lá na soleira,
a minha chinoca
toda faceira.
Ela me aguarda,
e sente falta de mim.
Traz o seu beijo doce,
meu mel de camotim.