Carlos Lucena

MEMÓRIAS DO COMEÇO

Eu vi a cidade

Coberta de estrelas

E vi também seu solo duro

De chão batido

Quando as praças

Eram apenas bancos toscos 

De madeira bruta.

Eu vi os homens 

Montados em seus cavalos

E os jumentinhos

Enfeitavam os pastos urbanos

Que mais parecia grama do que pasto.

Eu vi o riacho que corria

Por entre as sombras serenas

Da infância longíqua

Eu vi a luta dos homens

Que se perderam na fumaça

Do último trem.

Eu vi o trem barulhento

Que se deslocava no trilho

Como um poema em forma de música.

Eu vi o sino da capela soar

Anunciando o domingo

E vi o domingo 

E seus rurais tulmutos

Repletos de faces e seus saquinhos brancos

Cheios de esperança e paz.

Eu vi o cheiro da cachaça

Saindo das bodeguinhas

Em pequenos copos americanos

Para a boca dos poéticos bebinhos.

Eu senti o cheiro do pão assando

Ao mesmo tempo

Que o cilindro do café torrando

Expandia o odor perfumado

Do grão em brasa.

Eu vi as primeiras Lâmpadas

Magicamente acesas

Iluminando o rol da praça solitária

E roubou o brilho das estrelas

Que fez a lua ficar turva

Mas me fez beber água gelada.

 

 

 

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de Maio de 2020 08:01
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 35

Comentários4

  • Maria Vanda Medeiros de Araujo

    Poema saudosista não é poeta?

    • Carlos Lucena

      Bem saudosista, neh, poeta?

    • Carlos Lucena

      Eu gosto de pintar quadros com palavras

    • Carlos Lucena

      A poesia tem que ter imagens. Alguem que ler tem que ser imediatamente transportado para algum lugar, momento ou situação.

    • Cecilia

      Gosteimuito, Carlos! Saudade bem humorada, boa como água gelada.



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