Eu vi a cidade
Coberta de estrelas
E vi também seu solo duro
De chão batido
Quando as praças
Eram apenas bancos toscos
De madeira bruta.
Eu vi os homens
Montados em seus cavalos
E os jumentinhos
Enfeitavam os pastos urbanos
Que mais parecia grama do que pasto.
Eu vi o riacho que corria
Por entre as sombras serenas
Da infância longíqua
Eu vi a luta dos homens
Que se perderam na fumaça
Do último trem.
Eu vi o trem barulhento
Que se deslocava no trilho
Como um poema em forma de música.
Eu vi o sino da capela soar
Anunciando o domingo
E vi o domingo
E seus rurais tulmutos
Repletos de faces e seus saquinhos brancos
Cheios de esperança e paz.
Eu vi o cheiro da cachaça
Saindo das bodeguinhas
Em pequenos copos americanos
Para a boca dos poéticos bebinhos.
Eu senti o cheiro do pão assando
Ao mesmo tempo
Que o cilindro do café torrando
Expandia o odor perfumado
Do grão em brasa.
Eu vi as primeiras Lâmpadas
Magicamente acesas
Iluminando o rol da praça solitária
E roubou o brilho das estrelas
Que fez a lua ficar turva
Mas me fez beber água gelada.
- Autor: Carlos (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 27 de maio de 2020 08:01
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 36
Comentários4
Poema saudosista não é poeta?
Bem saudosista, neh, poeta?
Eu gosto de pintar quadros com palavras
A poesia tem que ter imagens. Alguem que ler tem que ser imediatamente transportado para algum lugar, momento ou situação.
Gosteimuito, Carlos! Saudade bem humorada, boa como água gelada.
Obrigado, Cecília!
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