Bicho criado no mato
Saco de piadas, desafortunado
Menino perdido, Peter Pan desvairado
Sem Wendy, sem pó de pirlimpimpim
Trazido à baila pelos desconjurados
Efetivo ser entre os desajustados
Garoto por vezes belo, mas nunca entendido
Terror da vizinhança, bandido enrustido
Caiu em desgraça já no nascimento
Teimoso feito um jumento
Brincar de bandido e polícia
Sonhando entrar pra milícia
Amoroso, mas nem tanto
Sem lembranças de acalanto
Criado jogado ao léo
Simples e desconjuntado bedel
Sonhos permeando suas noites
Há mais de um milhão de pernoites
Saltimbanco paraplégico
Arremedo de médico
Aliás, está mais pra curandeiro
Desses que acha paradeiro
Do amor que de repente se partiu
Com sortilégio à beira do rio
Não é difícil enganar alguém
Basta alegar que enxerga além
Do que o simples cidadão vê
Todos os dias na tv
Eita menino danado!
Mesmo sem eira nem beira
Espalha confusão pra todo lado!
E vai seguindo assim
Sem ter pena sequer de mim
Seu desgostoso criador
Pois não sou eu que sinto a dor?
E foi com ardor que ele se impôs
E assumiu tudo o que veio depois
Passei a ser mero espectador
E aí a vida se tornou incolor
Cheia de vícios, desilusões
Destruímos assim diversos corações
Mas o que fazer?
Da vida só nos cabe saber
Que ela é pra ser vivida intensamente
Ainda que não muito decentemente
Há que se ter a certeza, contudo
Que o espaço é deveras porrudo
Certamente dá pra todo mundo
Em algum quadrado, raso ou extremamente profundo
E é nesse entendimento
Que baseio o meu pensamento
Nesse exato momento
Sem nenhum ressentimento
Junto-me às estrelas distantes
E tudo volta, ainda que por um instante
A ser colorido como antes.
- Autor: Amadeu Campos ( Offline)
- Publicado: 25 de maio de 2020 18:39
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 9
Comentários1
Bom enredo!
Belo texto !Parabéns poeta .
Abraço
Obrigado pelo incentivo. Forte abraço!
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