Desde a terra roxa do norte,
De onde sai a esperança do amanhã,
Até às estradas canaviais do corte
Vejo à frente Canaã
Cidade de pouca gente
De estradas curtas e lamacento,
Impõe fé no carro de crente
E lá vem pancada com muito vento
Os dois barzinhos já vão fechando
O populacho vai caminhando
Rumo as suas casas com a saideira
Tomando rápido que a chuva marca pedreira
Na esquerda, o campo de futebol
Esquecido pelo tempo
Lembra daquela vez? Quando marquei o primeiro tento
Que não volta, em 96, naquele velho sol
Chegando na casa da minha tia
Marcada pela terra roxa na calçada
Esse lote traz a dívida
De manchas profundas em toda a alçada
Que desce marcando o passado
Formando famílias sob convenção
Trazendo violência por uns trocados
Na pobre mulher vai criando um vergão
Ao entrar nesta casa de muita lembrança
A infeliz nostalgia fica um tanto envergonhada
Pois as paredes denunciam a herança
Da agressão, traição e dependência fincada
Uma terra encantada descobriu ser um abismo
Onde cada vida cresce em vício tragado
Para aprender aquilo que nunca foi dito
Que Canaã é terra que mata e nega fiado
Longo canavial, percorrendo o horizonte
Com o verde que abre a memória
Casebre de tanta fama, de tanta história
Lembrei logo da casinha Belo Monte
Rememorei: de um tempo em que muitos queriam voltar
De outros que visam esquecer
De poucos que buscam exaltar
Em meio a tantos que esperam chorar e morrer
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Autor:
Math (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 4 de fevereiro de 2022 03:17
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
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