A ESCRAVATURA

Arlindo Nogueira

Mocambos e mucamas escravatura

Revela o homem de pés descalços

Que nos cafezais deixou seu rastro

Assim como lágrimas lá no casarão

Do tratamento cínico do seu patrão.

Escravos da África lutando por si

Deixavam sua pátria distante daqui  

Pro tráfico negreiro da exploração

 

Roçando na mata a pele morena

Tudo se apequena na cena há dor

Medo do dono descrença da cor

Sonhos dormidos e transicional

“Ser ou não ser” era só figural         

Casa dos Escravos do abandono

Saíam da Porta do Não Retorno 

Da Ilha de Gorée lá do Senegal         

 

A terrível vida dentro da senzala

Donde nuca mais voltaria à África

Magras crianças mulheres mágicas

Olhos fitos no mundo da desilusão

Labor nos engenhos do calo da mão

Do confinamento como ser estranho

A mala escondida cheia de sonhos

Tudo era socado com mão de pilão

 

Lembrança palpita um triste vazio

Ensombrecer que marca nosso chão

Há vários séculos teve a escravidão

Um ferrão de vespa produzindo fel

Até que um dia veio um anjo do céu

Vestido de mulher com magistratura

Pela Lei áurea aboliu a escravatura

Rainha dos escravos Princesa Isabel

 

  • Autor: Arlindo Nogueira (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de janeiro de 2022 15:03
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi a Poesia “A Escravatura”, remexendo na reflexão humana, sobre a forma de sujeição a alguém mais fraco. Ou seja, a escravatura que existiu, primeiramente entre os povos da Mesopotâmia, Hebreus, Gregos, Romanos, Celtas, posteriormente todos os povos tiveram escravos, fenómeno que ainda não desapareceu completamente da face da Terra. Nos tempos mais remotos da Humanidade, a escravatura era fruto de conflitos, que ao findar os vencidos se sujeitavam a condição servil sem direitos ou garantias. A Casa dos Escravos e sua Porta do Não Retorno constituem um museu e memorial dedicados à história do comércio atlântico de escravos na ilha de Gorée - Senegal. A instituição foi criada em 1962 por Boubacar Joseph Ndiaye, que foi seu curador até 2009, para preservar a memória da escravidão na África. Visitantes da África, Europa e América consideram que o lugar é importante para a lembrança das perdas humanas decorrentes da escravidão.
  • Categoria: Não classificado
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