Então vamos todos celebrar
fazer uma festa fúnebre
sem ter corpos para enterrar
lembrar do ultimo dia
que vimos o sol despertar
antes do pesadelo
começar a nos assombrar
Feliz, feliz ano interminável
feliz ano miserável, feliz
daquele que pode lembrar
autorizado a lamentar
Pessoas se perdiam
em plena luz do dia
palpites eram punidos
ele foi para França
ou ele foi para o forno
Inúmeros pedidos de socorro
em garrafas sem rótulo
veneno na mamadeira
vozes invadindo a cabeça,
confessa ou se despeça!
Sufocados pelo cruel braço
abraço de urso pardo
aperto igual ao do parto
corporação sem coração
Os nascidos nessa nação
devem obedecer sem hesitação
toda a oração deve ser feita
em nome da bandeira,
nossa preciosa bandeira
Culpados de atrocidades
condecorados pelos crimes
atos "heróicos" em nome
do conforto de comandar
Pois é acontecem suicídios
deixem as crianças no recinto
vendo papai e mamãe
reduzidos a pedaços de lixo
carbonizados e embrulhados
para a celebração do Natal
Eles se comportaram mal,
foi o que disse o então general
ao ver o açude que surgiu
das lágrimas de saudade
que brotavam do olhar
de milhares de crianças
Eis que Jesus Cristo viu
nascer uma lua vermelha
enquanto aguardava
a sua hora derradeira
Eis que Vladimir Herzog viu
uma lanterna vermelha
ascender enquanto
tentava se equilibrar
entre a vida e a morte
A mesma cor, ardente
queimou as pupilas
de ambos os prisioneiros
carrascos pensam
ser eles os justiceiros
Pelo vale da sombra da morte
ninguém solta a mão de ninguém
pelo vale da sombra da morte
ninguém vai ouvi-lo clamar
nenhum dos seus ou mesmo Deus
Paira no ar o grito do recém nascido
pedindo o colo do pai desaparecido
enquanto a mãe canta as velhas
canções de paz e amor
Perdido no vale da sombra da morte
afogado em água congelante
imaginando como seria o semblante
do filho que nunca verá crescer
- Autor: Autor Lírico (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 28 de fevereiro de 2020 18:33
- Categoria: sociopolitico
- Visualizações: 18
Comentários1
Belo poema. Parabéns
Obrigado pelo comentario Emerson!
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