Marcelo Veloso

APOROFOBIA

O que expressam esses olhos vidrados,

é ojeriza, nojo, desatenção,

seja nos recortes das falas e do comportamento

seja na desdita desejada pela presunção.

 

Um oferecimento de reprovação,

misturado com conduta irracional,

sistematizada pela falta de apreço,

que numa violência xucra e banal,

presta um desserviço com claro endereço.

 

E no topo da sua possessão,

rodeado por abutres mercenários,

coloca toda sua malvadeza,

num boçal e ridículo itinerário.

 

Tirando toda oportunidade de sobrevida,

urde pela supressão do mínimo existencial,

numa aversão evidenciada pela ganância,

tudo pela privação ao convívio social,

replicada pela singular ignorância.

 

É assim, a moldura que se revela,

no gesto do dejeto apoderado,

que, a todo instante, surpreende,

exalando fel e veneno misturado.

 

E com uma sutileza visceral,

bitolado por uma malversada concepção,

rejubila em seu momento nobre,

destilando toda raiva e obtusão,

para com o carente, desassistido, pobre.

 

Mas, o silêncio não é dos inocentes,

pois esses não tem força para expressar,

a mudez e a covardia são dos canalhas,

que mundanizam o idolatrar.

 

Mesmo diante de toda fragilidade vivificada,

ainda se ouve brados de insensatez,

significada pela postura cínica e cética,

de um comungar cru de mesquinhez,

de quem não tem moral, respeito e ética.

 

O descaso não está só no bolso,

está na face escancarada de uma aversa sociedade,

e o veredito é reflexivo e instigante:

ser humano não é sê-lo com desigualdade.

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 10 de Dezembro de 2021 09:31
  • Comentário do autor sobre o poema: Como dizia Mahatma Gandhi: “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.” Quem tiver oportunidade, dê uma olhada ao seu lado, veja os fatos e se merece algum ato.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 22

Comentários1

  • lucita

    "

    O descaso não está só no bolso,

    está na face escancarada de uma aversa sociedade,"
    Verdades... Será que ainda os olhos são consideráveis janelas da alma?
    Poq que tem gente qolha, mas não vê senão o que interessa para si...

    • Marcelo Veloso

      lucita, muito interessante a sua observação: "será que ainda os olhos são consideráveis janelas das almas?" .....eu complementaria "...e o que se poderia ver? Conquistas, renúncias ou traumas?". Muito obrigado pelo escólio. Abraços.



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.