O que expressam esses olhos vidrados,
é ojeriza, nojo, desatenção,
seja nos recortes das falas e do comportamento
seja na desdita desejada pela presunção.
Um oferecimento de reprovação,
misturado com conduta irracional,
sistematizada pela falta de apreço,
que numa violência xucra e banal,
presta um desserviço com claro endereço.
E no topo da sua possessão,
rodeado por abutres mercenários,
coloca toda sua malvadeza,
num boçal e ridículo itinerário.
Tirando toda oportunidade de sobrevida,
urde pela supressão do mínimo existencial,
numa aversão evidenciada pela ganância,
tudo pela privação ao convívio social,
replicada pela singular ignorância.
É assim, a moldura que se revela,
no gesto do dejeto apoderado,
que, a todo instante, surpreende,
exalando fel e veneno misturado.
E com uma sutileza visceral,
bitolado por uma malversada concepção,
rejubila em seu momento nobre,
destilando toda raiva e obtusão,
para com o carente, desassistido, pobre.
Mas, o silêncio não é dos inocentes,
pois esses não tem força para expressar,
a mudez e a covardia são dos canalhas,
que mundanizam o idolatrar.
Mesmo diante de toda fragilidade vivificada,
ainda se ouve brados de insensatez,
significada pela postura cínica e cética,
de um comungar cru de mesquinhez,
de quem não tem moral, respeito e ética.
O descaso não está só no bolso,
está na face escancarada de uma aversa sociedade,
e o veredito é reflexivo e instigante:
ser humano não é sê-lo com desigualdade.