Pedro Castro

Carta absoluta

A vida já não me cabe,

Só me cabe o que é absoluto,

Absoluto como o silêncio,

Absoluto como a certeza de que escreverei mais uma carta,

Absoluto como a morte.

 

 

 

O mundo já não me cabe,

Se choro,

Trago dilúvio,

Noite de chuva,

E poesia,

Se rio,

Trago música,

Derramo o sol nos domingos,

E ainda levo comigo o ar de felicidade.

 

 

 

O amor já não me cabe,

Pois nasceu da poesia,

E a poesia é eterna,

Infinita,

Bela,

Como o céu e seu cemitério de luz….

O amor não me cabe pois ultrapassa o destino,

O corpo,

O desejo,

A vida,

E eu,

Eu nasci para morrer por amor,

Em pleno e puro desejo de amar.

 

 

 

 

O que me cabe mesmo,

É uma carta absoluta,

Pois na presença de uma prece não ouvida,

Inventa um deus,

Na ausência de um amor,

Faz a saudade fugir…

O que me cabe mesmo,

É a cor de uma carta absoluta,

Pois a tinta que escreve os versos de uma carta absoluta,

É uma lágrima da morte,

E a morte não só escreve cartas,

A morte transcende.

  • Autor: Pedro Castro (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de Dezembro de 2021 12:28
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 10

Comentários1

  • Hébron

    Gostei muito, poeta!
    Belo poema!
    Abraço



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.