DO ERMO AO TERMO

Marcelo Veloso

O invisível é risível,

o indigente é silente,

o mendigo é desamigo,

e a sociedade é cruel.

 

O risco coletivo é um dispositivo,

que pessoas usam pra dar crédito ao distanciar,

colocando, sempre à frente,

uma bandeira com simbologias inamáveis

 

O maltrapilho é empecilho,

o erradio é vadio,

o esquecido é bandido,

e a sociedade é inclemente.

 

O conteúdo de toda história é pinçado,

por cada gesto de desmazelo e hostilidade,

replicando a secular similitude,

do empoderamento fúfio no estrato social.

 

O ignorado é estigmatizado,

o sem-teto é abjeto,

o inominado é acoimado,

e a sociedade é implacável.

 

Faz-se do conceito um vigoroso preconceito,

que põe objeção a qualquer ato de doar,

tornando a convivência,

um referendo ao uso de vozes insuportáveis.

 

Não importa o tamanho da distância,

nem compensa a barganha da constância,

o existir é mais eloquente do que o saber,

mesmo que fixe, no ermo, o viver.

 

Vale a pena não sucumbir à hipocrisia,

ainda que haja pouca aceitação da empatia,

para que a verdade desse termo, não fique a esmo:

“Ame ao seu próximo como a si mesmo!”

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de novembro de 2021 16:32
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 12


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