O invisível é risível,
o indigente é silente,
o mendigo é desamigo,
e a sociedade é cruel.
O risco coletivo é um dispositivo,
que pessoas usam pra dar crédito ao distanciar,
colocando, sempre à frente,
uma bandeira com simbologias inamáveis
O maltrapilho é empecilho,
o erradio é vadio,
o esquecido é bandido,
e a sociedade é inclemente.
O conteúdo de toda história é pinçado,
por cada gesto de desmazelo e hostilidade,
replicando a secular similitude,
do empoderamento fúfio no estrato social.
O ignorado é estigmatizado,
o sem-teto é abjeto,
o inominado é acoimado,
e a sociedade é implacável.
Faz-se do conceito um vigoroso preconceito,
que põe objeção a qualquer ato de doar,
tornando a convivência,
um referendo ao uso de vozes insuportáveis.
Não importa o tamanho da distância,
nem compensa a barganha da constância,
o existir é mais eloquente do que o saber,
mesmo que fixe, no ermo, o viver.
Vale a pena não sucumbir à hipocrisia,
ainda que haja pouca aceitação da empatia,
para que a verdade desse termo, não fique a esmo:
“Ame ao seu próximo como a si mesmo!”