Doloroso

Água

Água que cai do céu
Fria, refrescante, pura, incômoda;
Molhando o cansaço e a desesperança,
Perturbando tristes e confusas idéias...
Água que escorre pela rua, sarjetas, a caminho do insondável, 
Nada levando a não ser os sonhos desfeitos... 
Água de particular ruído,
Forte, fraco, cheio, gotejando sobre um metal qualquer;
Embalando o sono, despertando para uma existência afogada em escombros... 
Água para a terra;
Água para as águas;
Água para os homens
Cansados, sonhadores, destroçados... 
Água de cair, de correr, 
De navegar em desejos perdidos 
E que se dissolverão no oceano sem fim da existência. 
Água sobre o corpo
Morna, prazerosa, reconfortante;
Renovando forças, 
Renascendo esperanças... 
Água que leva embora o suor,
Que retira as impurezas e os odores
E conduz à paz do repouso do justo 
E ao delírio dos eleitos... 
Água de bater suave, inofensiva;
Misturada aos perfumes artificiais e adocicados... 
Cabelos, olhos, pele... 
Luz que não ilumina, 
Mas cujo esfíngico brilho revela, 
Porém guarda indecifrável, 
O segredo dos anjos;
A fonte da vida;
O amor não encontrado 
Que veio se esconder 
E se mostrar em sua mais completa exuberância. 

  • Autor: Doloroso (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de Outubro de 2021 21:21
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 20

Comentários1

  • Antonio Olivio

    Água é do que somos feitos , caro poeta e você constrói esta relatividade com o Mossoró corpo e alma de uma forma brilhante .
    Somos água, água benta!!
    Parabéns pela sua poesia cheia de belas e significados !



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