Jucklin Celestino Filho

A HUMILHAÇÃO DA FOME ( ITABUNA, 19/10/21)

Viramos bichos?Ou os bichos 

Têm vergonha de nós por sermos 

Mais bichos do que eles?

São bichos bem o sabem.

Mas não se igualam

Ao bicho-homem 

Em matéria de maldade. 

 

O homem é o único animal

Que maltrata a fêmea;

O único ser deletério

Que rouba, trapaceia, mata

Por dinheiro;

O único que trai

o melhor amigo

Pra lhe roubar a mulher;

O único animal

dito racional capaz

das maiores atrocidades 

Pelo poder

 

Pouco se lidar,

se seu irmão passa fome,

Se nem migalhas tem pra comer. 

E que, ultimamente,

Aqui,  em Pindorama,

a história se

Agrava, grafada no calendário 

De misérias,

de amargas privações,

Às quais vemos, qual pesadelo,

O cortejo de desvalidos da sorte,

Entregues à dor, às agruras,

Ao padecimento --uma pobre gente

Que por não ter pão, come osso,

Que por não ter trabalho,

mendiga, quue muitas vezes

Por lhe negarem auxilio,

Disputa com os urubus o lixo,

Ou o caminhão de ossos,

Resto de carne e vísceras,

No Rio de Janeiro ,

Ou em qualquer recanto do país,

Tudo que ia ser jogado no lixo,

E a multidão faminta

 Sofregamente se atira

Ao desespero dos restos de alimentos

Disputando com cachorros,

urubus  e seus parceiros na aflição 

Das necessidades no afã de  saciar a fome.

 

Se não têm pão, comem osso,

Carcaça de peixe, pés de galinha,

Enquanto há os que se esbaldam

Em viagens nababescas,

Em lautos banquetes mundo afora,

Em festins desenfreados

Às expensas do dinheiro público,

Ou gastando à mão cheia

O dinheiro amealhado

Com a alta do dólar,

Na especulação financeira,

Entocado em paraísos fiscais.

 

A verdade é que estamos novamente 

Vivendo o quadro infame da  fome,

Do desemprego, da inflação galopante,

Da vida pela hora da morte:

Vinte milhões de famintos,

Outros tantos

Em insegurança alimentar.

O pobre desempregado,

Orfão de assistência governamental,

Não sabe se fará  ao

Menos,  uma refeição por dia...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de Outubro de 2021 12:09
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 26

Comentários3

  • Hébron

    Poema forte, da justa indignação.
    Parabéns, meu amigo poeta
    Abraço

  • Nelson de Medeiros

    Poxa, muito descrito, poeta.
    É isso mesmo.
    Parabens

    1 ab

  • Shmuel

    Uma triste realidade, poeta Jucklin Celestino Filho. Enquanto o Rei pândego e seus asseclas devoram picanhas de preço obsceno, o Brasil padece.
    Abraços ao poeta!



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