Thiago Melo

Lívia Neon

Olha-me como quem olha, o vulto sagrado da explosão de todos os átomos

E chora, e eu recolho a lágrima com o indicador pousado ao lado da maçã forçada em riso envergonhado.

O gosto lembra o soro sagrado, pouco até menos salgado do que os afagos que uma mulher verdadeira o tem.

Do que os afagos que uma mulher verdadeira o tem, e meus olhos buscam mais que suor sagrado na pele lisa, branca e de riso de fácil

Não tem, não tem. Ela cheira como um doce meio amargo, e o gosto lembra de fato um doce de plástico, pouco menos doce do que o real plástico o é.

Ela descansa o rosto sob a mão espalmada, e o pulso, virado ao rosto, aquele suporte afável, exibe uma pequena veia salteada, o símbolo vivo marcável da vida.

Seus olhos me encaram em real obrigação, vejo-me nos olhos marrons, ciliados e de rímel eterno, uma curva negra de mistério pairando em meus próprios olhos,

O descabelamento natural, o amarrotado das roupas em tom casual, as minhas próprias lágrimas contendo de fato algum sal.

Ela paira feito anjo quimérico, com tantas faces subjugadas e sem nenhuma corrente pairando seu enlaço

Mas seus olhos choram ainda em tom falso de alegria. Os dedos emitem algum calor, e finge que é de amor que as bochechas se rosam ainda quando me vê.

  • Autor: Thiago Melo (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de Maio de 2020 18:34
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 8


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.