LADO A LADO

Ao seu lado serei sempre assim

Sol queimando na liturgia das horas

Lua em cerimônia no sol ameno de abril

Num céu cor de anil

Perfume de jasmim

Flor de jardim

Ao seu lado serei sempre o meu ser

Calor em demasia

Tarde acesa em teu rosto aceso

Que me arde nas têmporas

Que me saboreia as veias

Que me deixa aberto

A me sentir tão vivo!

Ao seu lado

Ah ao seu lado sempre serei tarde em meus delírios

Em meus insanos pensamentos

De sonhos tão vivos!

Ao seu lado saiba que teríamos mais tempo

De recuperar o que não foi vivido 

Temporal de sonhos

De matar a fome que grita

O tesão que em mim e em ti excita!

Ao teu lado

Te entregaria o corpo em delírio

Água do mar em nossas bocas

Rostos alagados

Mãos sobre o peito

Florzinha miúda

E secar os meus e os teus olhos sob a chuva

Lado a lado

Aprenderíamos que viver é como morrer

Seríamos muito mais fortes e aliados

E a enfrentar a vida com muito mais fé

Juntos montaríamos

Esse despedaçado quebra cabeças

Ossos desencarnados

Árvore majestosa

Chuva e garoa  

Da dor que nos separa

De todo esse sofrer que nos mata

A ferro e fogo feito brasa!

Ao seu lado quero colher frutos

Como aquele nosso último setembro

De uma tarde que restou

E por entre luz, lua e estrela  

Consagrar essa longa espera ...

Numa profunda maré cheia

Ao seu lado estava previsto desde o início

Tudo o que a vida nos soprou

Tudo o que nos reservou

O Amor, essa mistura de desejo

Em plena primavera

A plantar o sol em nosso jardim

Cumprir nossa promessa 

E resgatar esse amor sem espera 

Vlad Paganini

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