Rui Ferreira

Ao amigo que parte


Aviso de ausência de Rui Ferreira
NO

Gentil amigo meu que partes sem despedidas

Fugindo de uma abreviada amizade cerceada sem razão

Das memórias intensas e das recordações transcendidas

Daquele curto espaço de tempo em que o corpo era são

 

O desassossego em que me deixaste nestes dias

Em prantos de lágrimas exageradas de esperança perdida

Acontece sob o feitiço de magos aprendizes de almas sadias

A que sobrevivo sem fulgor nesta desesperança brandida

 

Sadia era a amizade, fortalecida por laços inquebrantáveis

Assim julgados pela carne, fraca, que amiúde nos trai

E nos desperta para a cadência dos ponteiros instáveis

Do relógio da vida, criador de ilusões, que nos distrai

 

Gentil amigo meu que partes e deixas este vazio imenso

Impossível de preencher com palavras incontidas

De angústia e de dor que não apagam o tempo

Transformadas em pensamentos ocultos e lágrimas vertidas

 

Ainda que não faltem, mas também não sobrem

Momentos efémeros de uma amizade contida

Relembro já com saudade a rectidão do homem

Que em ti habitava e se afirmava na plenitude da vida

 

Tivesse eu o condão da atribuição do tempo e da vida

E jamais, jamais, um segundo em vão seria perdido

Em quezílias fúteis e comezinhas, sem qualquer razão envolvida

E no entanto, assim, só, me deixas, incrédulo e aturdido

  • Autor: Rui Ferreira (Offline Offline)
  • Publicado: 27 de Agosto de 2021 16:37
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 13


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