Estereótipo

Jessé Ojuara


Aviso de ausência de Jessé Ojuara
NO


 

Eu sou o que sou e muito mais
Não tente me maquiar
Com a sua fantasia 
Que busca me subjugar
Para deleite arrelia
Com seu circo me enganar

Eu tenho a minha cultura
Honro toda tradição
Eu não aceito seu escárnio
Poder e dominação
Minha língua é ancestral
Não queira mudar então

Eu sei dos vis interesses
Que move sua cobiça
Atribui pra toda gente
Defeitos como a preguiça
Não aceitamos essa pecha
Lutamos por mais justiça

Sem qualquer degradação
O povo é um coletivo
O cidadão indivíduo
Que tem o seu objetivo
Não vai nos apequenar
Com seu vil plano abusivo

Assim todo estereótipo
Ilude e  finge inocência
Agride, ofende e rótula
Ataca nossa carência
E se ele  não te importar
Resisto com veemência

Já logrou com raça negra
Fez parecer animais
Reduziu sua estima
Com toda fé e muito mais
Hoje somos conscientes
Não me enganas ademais

Mentiras patriarcais
Toda mulher reduziu
À rotulou sexo frágil
Débil doçura atribuiu
Guisa de dominação
Mas a mulher reagiu

Tem outra mentira atroz
Que também dor provocou
Verdadeiro homem não chora
Isso desumanizou
O pobre macho carente
Se dessensibilizou.

Também não parou por ai
A estereotipação
Que molestou muita gente
Inclusive até nação
O país do futebol
Foi uma grande embromação

Nos tirou outras qualidades
Nos rotulou e mentiu
O Brasil é muito mais
Isso só nos reduziu
Pelé, Café e Carnaval
Vão pra puta que pariu

Eu também me orgulho muito
Da minha baianidade
Vou ver desaparecer
Os símbolos na cidade
A Ladeira da Preguiça
Sinal de  perversidade.

Somos muito mais que só:
Pelourinho, praia, axé,
Carnaval e capoeira.
Acredite e tenha fé.
Aqui nasceu Castro Alves,
O Camafeu, Leguelé

O Jorge Amado, Tom Zé,
O Riachão, Batatinha
Também não posso esquecer
Da boa mãe Menininha
Que deu a vida pelo axé.
É só uma breve listinha.

Ah, esqueci Caribé.
Sim, eu sei que era Argentino
Também baiano no axé
Ele mudou seu destino
Batizou no candomblé
Aqui não era clandestino.

Carioca era Vinícius
Baiano de coração
Morou, encantou a Bahia
Em poesia e canção.
Nosso poetinha amado
Sempre honrou a tradição.

Todo artista de valor
Não desfaz de sua terra
Tem paixão por seu lugar
A sua arte sempre encerra
Exaltação muito amor
Senão seu povo o desterra

Sim no Bonfim tem fitinha
Mas se você procurar
Tem linda Pedra Furada
Irmã Dulce a consagrar
Toda imensa Bahia
Tem cultura pra fartar

Baianês nunca será
A língua oficial
Da Bahia do bom Jorge,
Castro Alves, Portugal,
Isso é só fantasia
Que as crianças fazem mal.

Aprender falar errado
Não é correto meu irmão
Pode até me criticar
Mas disso não abro mão
Posso até dizer mainha
No mais é apelação

Toda língua é a maior
Expressão de uma cultura
Quando tentam macular
O fazem com ditadura
Pra apequenar todo povo
Muita falta de lisura.

Todo povo consciente
Protege sua cultura:
Língua, também os costumes
Repense sua postura
Pois toda vil servidão
Defende débil candura.

  • Autor: Jessé Ojuara (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de agosto de 2021 23:48
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 15
Comentários +

Comentários4

  • Jessé Ojuara

  • Nelson de Medeiros

    Bom dia poeta.

    Teus poema é, mais uma vez, excelente. Prima pela qualidade e formação dos versos em estrofes bem direcionadas à idéia que pssou o poeta.

    1 ab

  • Edla Marinho

    " Repense sua postura
    Pois toda vil servidão
    Defende débil candura."
    Um excelente fecho para uma boa reflexão.
    Feliz sábado!

  • Jessé Ojuara

    Grato, poeta e poetisa, pela leitura e comentários.

    Viva a língua Brasileira, nossa cultura e costumes.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.