Meu maior pecado foi nascer

Rafael Marinho


Aviso de ausência de Rafael Marinho
NO

querido amigo,

vim te dizer adeus

pois fiz algo muito errado

eu lamento dizer

meu maior pecado

foi nascer

 

quero ir embora

até morte

viria em boa hora

 

querido amigo

por favor, não diga isso

toda vida é preciosa

a sua então,

vale mais que toda prosa

 

querido amigo,

mas toda prosa

virou um triste verso

pois está bem aqui no peito

a pior tristeza do universo

 

adeus, estou de partida

a lua apagou o sol

do suicida

 

por favor, me escute

se você for

como fica

seu estoque inteiro de amor?

 

não, o amor está doente

deixa eu

e vai pra lá!

 

por favor, tente

só mais uma vez

se curar

 

querido amigo,

não 

meu coração apodreceu

fiz teatro pra fingir alegria

mas não deu

 

ainda, o demônio esquartejou

meu coração

minha luz, minha fé

desculpe as palavras fortes

a dor que dói aqui também é

 

querido amigo,

ai, como eu queria estar aí

pra lutar contra a escuridão da morte

a gente junto seria

uma sentinela de tão forte

 

peraí, é sério isso, amigo?

pois no fundo, você

é tudo que eu preciso

 

por favor, não olhe pra cá

meus olhos vão chorar

que palavras tão lindas

pra curar

 

que bonitinho você dizer isso

mas se solidão te empurrou pro abismo

eu viro o seu palhaço

pra te fazer malabarismos

 

porque a dor ainda faz parte da vida,

ainda, amigo, ainda

ainda assim, a vida é linda

como toda boa vinda

 

vamos embora, “respira fundo,

daqui pra frente

a gente tem muito mundo”

 

querido amigo,

então, vem pra cá

por que eu estou na esquerda?

e você na direita?

se pra poesia ser perfeita

a gente tem que se juntar!

 

e, por fim,

a gente se junta

e “como ser feliz?”

já não é mais uma pergunta

virou resposta

quem está vivendo a vida

ganhou a aposta

 

porque não importa mais

se estou feliz ou triste

obrigado, obrigado, obrigado

uma vida

respira mais fácil

só porque você existe!

 

- de Rafael Marinho e Dayenne Vieira

O texto cita Pedro Gabriel, autor de Eu me chamo Antônio, quando diz “respira fundo, daqui pra frente a gente tem muito mundo”. 

  • Autor: Rafael Marinho (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de maio de 2020 08:24
  • Comentário do autor sobre o poema: Esse texto original se chama Dueto da Vida, é baseado numa história real , foi escrito originalmente no dia 17 de abril de 2014 e reflete trechos de uma troca de cartas e e-mails entre os autores.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 24
  • Usuários favoritos deste poema: Linda Machado
Comentários +

Comentários2

  • SANTO VANDINHO

    rsrsrsr Reflexiva poesia e bem arrumada de acordo a mesma rsrsrsr pensei que tinha dado um problema ao fazer o poema rsrsrsrs Paz e Bem Poeta e Poetisa ! rsrsrsrsr

  • Linda Machado

    Lendo esse poema me senti conversando comigo mesma e fazendo com o que eu não desista de mim. Obrigada pelo poema.

    • Rafael Marinho

      De nada. Que bom que você gostou, Luna. Na época em que a gente escreveu esse poema eu era a parte da esquerda, tipo, algo bem difícil de lidar.Mas desabafar com alguém que alimentou aquele desejo de viver que estava lá no fundo ajudou muito. Continue lutando. Continue vivendo. Continue escrevivendo. Vou postar outros poemas baseados nessas cartas em outros dias. Obrigado por favoritar.



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