querido amigo,
vim te dizer adeus
pois fiz algo muito errado
eu lamento dizer
meu maior pecado
foi nascer
quero ir embora
até morte
viria em boa hora
querido amigo
por favor, não diga isso
toda vida é preciosa
a sua então,
vale mais que toda prosa
querido amigo,
mas toda prosa
virou um triste verso
pois está bem aqui no peito
a pior tristeza do universo
adeus, estou de partida
a lua apagou o sol
do suicida
por favor, me escute
se você for
como fica
seu estoque inteiro de amor?
não, o amor está doente
deixa eu
e vai pra lá!
por favor, tente
só mais uma vez
se curar
querido amigo,
não dá
meu coração apodreceu
fiz teatro pra fingir alegria
mas não deu
ainda, o demônio esquartejou
meu coração
minha luz, minha fé
desculpe as palavras fortes
a dor que dói aqui também é
querido amigo,
ai, como eu queria estar aí
pra lutar contra a escuridão da morte
a gente junto seria
uma sentinela de tão forte
peraí, é sério isso, amigo?
pois no fundo, você
é tudo que eu preciso
por favor, não olhe pra cá
meus olhos vão chorar
que palavras tão lindas
pra curar
que bonitinho você dizer isso
mas se solidão te empurrou pro abismo
eu viro o seu palhaço
pra te fazer malabarismos
porque a dor ainda faz parte da vida,
ainda, amigo, ainda
ainda assim, a vida é linda
como toda boa vinda
vamos embora, “respira fundo,
daqui pra frente
a gente tem muito mundo”
querido amigo,
então, vem pra cá
por que eu estou na esquerda?
e você na direita?
se pra poesia ser perfeita
a gente tem que se juntar!
e, por fim,
a gente se junta
e “como ser feliz?”
já não é mais uma pergunta
virou resposta
quem está vivendo a vida
ganhou a aposta
porque não importa mais
se estou feliz ou triste
obrigado, obrigado, obrigado
uma vida
respira mais fácil
só porque você existe!
- de Rafael Marinho e Dayenne Vieira
O texto cita Pedro Gabriel, autor de Eu me chamo Antônio, quando diz “respira fundo, daqui pra frente a gente tem muito mundo”.