Marçal de Oliveira Huoya

Ira

Ira

Monstro
Sem face
Sem forma
Enxerga com clareza
Monstro que cega
E chega de surpresa
Sabotando os freios
Ocupando, sujeitando
A sua presa
Despeja a razão
Numa fração de tempo
Se alastra como fogo
Espalhado pelo vento
Rompe as regras do jogo
E sem nenhum arrependimento
Convertendo o seu hospedeiro
Em fúria e tempestade
Devastando a civilidade
Lobo que fora cordeiro
Gestos sem piedade
E se a vítima
Se olhar no espelho
Não reconhecerá sua imagem
Um borrão de olhos vermelhos
Sem rosto
Um animal selvagem
A sua alma de joelhos
E quando depois de saciado
A boca seca
Sem gosto
O monstro vai se embora
Tudo ao redor transformado
O hospedeiro exausto
E arrependido agora
Então o leite já está derramado
E de longe o monstro
Comemora...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 29 de Junho de 2021 20:37
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 15


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