Ira
Monstro
Sem face
Sem forma
Enxerga com clareza
Monstro que cega
E chega de surpresa
Sabotando os freios
Ocupando, sujeitando
A sua presa
Despeja a razão
Numa fração de tempo
Se alastra como fogo
Espalhado pelo vento
Rompe as regras do jogo
E sem nenhum arrependimento
Convertendo o seu hospedeiro
Em fúria e tempestade
Devastando a civilidade
Lobo que fora cordeiro
Gestos sem piedade
E se a vítima
Se olhar no espelho
Não reconhecerá sua imagem
Um borrão de olhos vermelhos
Sem rosto
Um animal selvagem
A sua alma de joelhos
E quando depois de saciado
A boca seca
Sem gosto
O monstro vai se embora
Tudo ao redor transformado
O hospedeiro exausto
E arrependido agora
Então o leite já está derramado
E de longe o monstro
Comemora...