Carlos Lucena

LADEIRAS

LADEIRAS

A minha vida foi aqui
E essas ladeiras
Me viu caminhar
De cima para baixo
Cada pedra fincada nesse chão
Me conhece
E eu conheço todas.
Bancos e árvores
Me chamam pelo nome
E até os pássaros
Que hoje
Não são os mesmos de antes
São todos conhecidos meus
Eles não são os mesmos
Mas ainda têm o mesmo trino.
As pedras se cobriram
De betume preto
Mas ainda estão lá
Embaixo dele.
Eu mudei um pouco
E ando um pouco mais devagar
A pressa já não me acompanha
Não tenho tanta.
Conheço os bancos marcados
As casas contadoras de história
Que todo dia
Me faz nascer de novo
O sol é o mesmo
A lua é a mesma
E eu vou andando
Andando entre as pedras
De ontem
De hoje
Da Aurora e do crepúsculo.
Aqui a meninice me fez
Correr
A juventude me fez rir
E agora o anoitecer me acalma
E entre bancos
Árvores
Pássaros
Pedras
E gentes
Continuo subindo e descendo
A ladeira da rua e da vida.

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 26 de Abril de 2021 04:02
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 5

Comentários2

  • Cecilia

    Carlos, gostei muito das suas ladeiras, tanto da idéia como da forma. Genial o paralelo entre as mudanças do escritor e da ladeira, com a permanência do fundo, em ambos. Bravo!

  • Carlos Lucena

    Obrigado! Poetiza! Essa ladeira é poética mas é real! Me vali dela e da ladeira da vida para compor esse poema



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