Alexandre Silva

LUZ DA ESTAÇÃO


Aviso de ausência de Alexandre Silva
NO

 

LUZ DA ESTAÇÃO

 

Luz do dia que clareia as noites dos dias meus...

que outrora vivera em demasia de desejos, de fantasias... rias...

para acalantar um coração que é todo teu...

Um único dia para suprir todos os outros dali em diante,

não muito distante, passei a contemplar o além-mar: ar puro...

 

possibilidades;

expectativas;

esperanças;

 

não muito obstantes frustradas,

contudo, recuperadas pelos raios luminosos

que partiam dela... luz de uma estação fria...

 

Ali...

sei lá!

 

Fiquei meio ofuscado e não consegui buscar da fonte a sua origem,

Mas, dela fui abundado de satisfações, alegrias e felicidades

tão diversas que nem sequer perfilá-las eu pude, nem tentei!

 

Pois, sei que “nada sei”;

sei que “nada posso mudar”;

e que, se pudesse, talvez, nem mudaria... mudaria...

 

mudaria, mas sem toscanejar um só instante;

depois largaria tudo numa estante para todos que,

passando por ela e vendo-a, viessem a tê-la,

ao menos, em suas cabeças depois de lê-la... 

 

Luz que brilha;

na escuridão de uma passarela;

daquela estação de metrô;

que vai e vem num balançar para o infinito;

 

lotado de corações sofridos;

de pessoas sonhadoras;

trabalhadoras e guerreiras;

que, de peito aberto, encaram os perigos diários:

e acabam sendo expressadas em palavras de poemas sem fim...

 

que da vida apenas aguardam;

os seus lugares em alguma sombra;

depois da correria diária;

numa cama sempre tombam;

 

uma luz solitária brilha;

num território só seu;

e, quando em seu tempo, se apaga;

vai refletir em tudo que lhe aconteceu;

 

em um dia comum: uma menina solitária sonha;

durante um sono gostoso... todo seu;

que nos tempos em que se pega acordada;

passa a refletir em tudo que lhe sucedeu;

 

menina crescida, solitária, busca;

durante seus dias um lugar só seu;

enquanto arruma a sua mala;

pensando em partir sem sequer dizer um "adeus";

 

e vai em direção à estação da luz que revigora vidas,

quando alguém para ela olha:

ela vai para somar às tantas outras

que no metrô imploram: cantam; conversam; lamentam e choram...

 

alguém naquele meio:

fala da luz que na estação viu;

fala dos sonhos que sempre sonhou;

 

ela de mala arrumada: solitária, se vai;

sem, ao menos, olhar para trás...

 

bem que ela poderia tentar encontrar a refração da luz

que a tentou despertar para uma condição diferente

da que a levou a caminhar...

ela passava sempre naquela estação e jamais a percebeu...

 

Refração: toda a esperança dirigida depois de escolher o meu próprio chão

para pisar firme com meus pés cansados;

 

caminhando, sigo em solitude tentando ficar sempre posicionado

de uma forma que a luz sempre em mim bata...

 

Não enxerguei a refração quando estava naquela estação:

a luz estava genuína sempre em direção ao coração;

eu que não a conseguia ver...

 

talvez, por este motivo ceguei e apenas consegui ver o que mais o meu coração desejava num momento de desilusão: a partida!

 

Não enxerguei a luz de uma estação, que clareava todo o caminho por onde passei, e em cada um deles eu deixei um pouco dos sonhos que sonhei: desilusões!

 

depois de tudo fui embora:

me pareci com a menina de outrora,

que sequer um adeus deixou...

 

falei da luz que na estação eu vi;

falei dos sonhos que sempre sonhei;

sem mala arrumada e com a solitude dentro em mim;

resolvi partir em direção ao além-mar... ar puro...

 

Refração de uma luz numa estação que só consegui enxergar quando me lancei de corpo e alma para onde jamais pude esperar: jamais havia pensado no que me aconteceu e, depois dali, resolvi partir em direção ao além-mar... ar puro...

 

Ali...

sei lá!

 

Pois, sei que “nada sei”;

sei que “nada posso mudar”;

e que, se pudesse, talvez, nem mudaria... mudaria... mudaria...

 

Encontrei a menina na estação central;

Sentada num banco cheia de sinal:

vergonha; desespero e dor...

com lágrimas nos olhos me chamando de “senhor”...

 

Sentei ao seu lado...

Até um pouco afastado para má impressão evitar:

ela me abraçou e me disse, chorando, me ensina a voltar pra casa,

por favor, estou lhe implorando...

 

Me tornei à refração daquela luz da estação:

aquilo que ela deixou de ver;

aquilo que eu deixei passar...

 

Pude me redimir ajudando-a a retornar;

Ela me ajudou fazendo-me enxergar:

que todos nós temos luz própria;

que todos nós somos carentes de direção;

que todos nós passaremos um dia;

por alguma luz de alguma estação...

 

e dela teremos a chance

de tudo mudar:

não implorar;

não lamentar e, apenas,

conversar;

sorrir e cantar...

 

de alegrias;

de felicidades;

sabendo que dali em diante

seremos luz de verdade!

  • Autor: CASAVERDE (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de Março de 2021 13:43
  • Comentário do autor sobre o poema: Mais um poema da Série "LUZ DA ESTAÇÂO": uma série que teve origem num mero observar de uma lâmpada solitária numa passarela escura de estação de metrô aqui no Recife. O que, somado ao cair da tarde, fora surpreedentemente inspirador à poesia que em mim já grita naturalmente.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 69

Comentários2

  • val oliveira

    profundo e reflexivo.!

    • Alexandre Silva

      Obrigado, val oliveira, pelo carinho.

    • Shmuel

      Poema iluminado por uma inspiração divina.
      Parabéns, por compartilhar tão bela poesia.
      Abraços,

      • Alexandre Silva

        Obrigado, nobre Shmuel: este poema é originado de uma experiência muito profunda.
        Fico feliz pela sua leitura.

        .:Paz & Vida:.



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