Alberto dos Anjos Costa

SINCERIDADES

O que faz um casal, que se encontra na paz da união, na tranquilidade e na reciprocidade do amor, na interação de pleno convívio entre carinhos, afetos e ternura, seduzidos pela

impetuosidade sexual de dois jovens enamorados, que se entregam na sinceridade de seus sentimentos; que de forma lúdica, se divertem e se acarinham como crianças, na  cumplicidade, e afinidade sentimental; na afetividade participativa, em lídimos ditosos  beijos; em um partilhar repleto de alegrias, de paz e  harmonia, e de olhares resplandecidos em  desejos sublimes por sentirem em seus corações, o êxtase da etérea felicidade.

 

No tempo em que o casal destituídos de grilhões, de amarras, livres, leves e soltos; cingidos pela sua sagrada liberdade, que lhe oferta independência e autonomia, para compartilharem entre si  de regozijos, diversão, passeios, sem o tempo a lhes cobrar a imperativa responsabilidade que  o rebento há de suscitar. Dois corações em que  o amor cria a mansidão, que galvaniza afetos, meiguices e afagos, e a renovação de duas  almas que se descobrem no afã de se eternizarem  no ígneo sentimento,  que os  constrói, que os edifica  e os consolida, como dois amantes deveras apaixonados.

 

Portanto, o que faz com que estes dois seres, que desfrutam do verdadeiro e cintilante  amor, conectados por um cálido sentimento de estesia, apossados de ingente júbilo e ventura, possam, renunciar a tudo isto, ou por egoísmo, ou vaidade, ou para manterem a linhagem,  ou pela inocência, ou pela procriação da espécie, ou por sendo seres imperfeitos, e por já terem experimentado o ápice  do amor em tórrida paixão, se esgotaram, e a rotina, o fastio, o tédio e até uma  vida a dois insípida, os incutiram gostarem  de  experimentar e de saborear as incertezas, as dúvidas, o indeterminado  e o impreciso, através dos  sofrimentos, das aflições, dos tormentos; intrínsecos na imperfeição humana;  admitindo desta forma, o estresse, as dissonâncias, as insônias, os  antagonismos, a beligerância, o  temerário; e ensejarem a divisão do amor que outrora era único e indivisível;  fragmentando  o relacionamento,  com discussões,  antipatias, aborrecimentos, cobranças, discórdias,  e pulverizando  o amor, que  antes era deleitável, gracioso, franco, radiante e de uma beleza  cândida e magnetizante!

 

Por tudo isso! O que faz com que este casal, desfrutando de tanto amor, ainda pensem em serem pais? Excetuando-se a esta situação, a concepção acidental, aleatória, que envolve o acaso ou sem intencionalidade!

Seria o amor feito de incomensurável coragem? De um ato intrépido? De uma escolha  heroica? De uma opção homérica? De ousadia e destemor? Ou seria simplesmente, certa dose de insanidade e o gosto pelas dores que o mundo fomenta, na incerteza  do amanhã?

 

O que é a vida?

Senão um mar de ilusões!

Em que esperanças recidivas,

vão suplantando frustrações!

 

A vida! Em aprazível útero!

Silente na quietude angelical!

Ansiosa em sentir um novo mundo!

Sôfrega pureza desconhecendo o real!

Devaneios e quimeras em um anjo fecundo!

 

A vida! A efêmera vida!

Que nasce de disputa incessante,

na vontade indômita da semente!

Pináculo da vitória exultante,

em que o tempo será incisivo e inclemente!

 

A vida! Estressante!

Quantas noites de insônia!

Quanto choro retumbante!

O rebento sem cerimônia,

quer o colo aconchegante!

 

A vida! A célere vida!

Périplos de inebriantes aventuras!

Dádiva de auspicioso prospério!

Vida e morte trilhando juntas,

com incertezas, inseguranças e mistérios!

 

A  incipiente vida!

O rebento que se ama é tão puro!

Faltar o amor  é carência perigosa!

Educar é promessa de um bom futuro!

Cultivar o respeito é dignidade briosa!

 

A vida! Em inconstâncias!

Renúncias e sofrimentos de pais,

que veem um mundo demente e descontrolado!

O perigo estampado em jornais,

pelos assaltos que os deixam desolados!

 

A vida! Em tom real!

Vitórias e derrotas acontecem sempre!

Lágrimas e sorrisos afluirão de repente!

Decepções conhecerás pela confiança em engano!

Nos sofrimentos aprenderás, o escárnio de insanos!

 

A vida! Em perseverar!

As adversidades servirão para conheceres a ti!

Os obstáculos mostrarão que são úteis e necessários!

Dependerá de você, seguir ou desistir!

A perseverança incutirá sua coragem ao temerário!

 

A vida! Recompensando os pais!

Tanta abnegação e desprendimento,

pela devoção e renúncia auferida!

E qual será a retribuição do rebento,

quando a missão estiver cumprida?

Para muitos a gratidão,

será o pleno reconhecimento!

Para outros a ingratidão;

que invocará lágrimas em desalento!

 

 Quais seriam suas atitudes Pais?

Se o seu filho se tornasse alcoólatra?

Perdendo o emprego e a dignidade!

Fechariam a ele todas as portas?

Ou tentariam recuperar-lhe a hombridade?

 

Oh! Que demagogia dolorida!

Do especioso álcool ingerido,

que é droga consentida!

Funestos narcóticos  consumidos,

por receitas permitidas!

 

Pais! O que vocês fariam?

Se visse que seu rebento é homossexual!

O preconceito seria rigoroso e realçado?

Ou, abraçaria pelo amor o desigual,

compreendendo que a escolha não tem culpados?

 

Respeitar as diferenças;

é o semear da sabedoria;

suprimindo desavenças;

valorizando a harmonia!

 

Como vocês agiriam Pais?

Se sua filha estivesse em prostituição?

Que a inconsciência gerou a promiscuidade!

A intolerância e abandono entraria no coração?

Ou, acolheria-a, tendo amor e piedade?

 

Oh! Infaustas almas morrediças!

Que escolheram o errado!

Adentraram em areia movediça;

onde sairão desajustadas!

 

Pais! Como vocês se sentiriam?

Se descobrisse que seu filho é ladrão?

Que se juntou a amizades dissimuladas!

Denunciaria-o para as grades da prisão?

Ou, fingiriam que não existem vítimas assaltadas?

 

O crime não compensa!

É verdade já provada!

Tantas vidas com sentenças,

arrependidas e destroçadas!

 

Como vocês ficariam Pais?

Se soubesse que seu filho é viciado?

Que aleivosos convites levaram-o para a escuridão!

Procurariam Instituição para ele ser desintoxicado?

Ou, deixaria-o em desamparo; em rendição?

 

Porque as viagens, em seus périplos alucinantes?

Reina o vício suicida, em venturas angustiantes!

Porque o desejo de tantos, em fugir da realidade?

Injetando a própria morte, na ilusão da felicidade!

 

Pais! Como vocês estariam?

Se aos prantos seu filho viesse a dizer,

que embriagado atropelou um inocente?

Vocês se omitiriam para lhe absolver?

Ou, obrigaria-o a se culpar publicamente?

 

Os bons tem consciência,

das lágrimas de suas vítimas!

Os maus não tem clemência,

pois, veneram injustiças!

 

Oh, recônditos pecados!

Que jamais emergirão!

Guardados a sete chaves;

ninguém o julgarão!

 

Como vocês se comportariam Pais?

Se um pervertido que mora em sua rua,

abusasse de sua filha pelo estupro?

Perdoaria o agressor, mas pedindo sua clausura?

Ou, furtivamente mataria-o num beco escuro?

 

Oh! Selvagens pervertidos;

estuprando cândida pureza!

É o sexo sem sentido;

fixando traumas e cáustica tristeza!

 

Esta nua realidade despida de sorte,

exibe o perverso manifestando tragédias!

Acontece mesmo aos que se julgam fortes,

são fatos amargos que se encontram na odisseia!

 

Sorte! Sorte! Sorte!

Bem aventurada sorte!

Deixando-nos, no lugar,

hora e tempo certo,

para que desventuras,

não estejam por perto!

 

Pais! Em reflexão!

Despertar o instinto selvagem e primitivo,

que se esconde dentro de nós!

Ou usar de ponderação e controle construtivo,

nos riscos que fazem ver o sofrimento atroz!

 

Pais em suas conclusões finais!

Que a vida tem cenas dantescas!

Que o inferno está nestas tétricas tragédias!

Que ninguém está imune destas ações grotescas!

Que o purgatório é aqui nesta Divina Comédia!

 

Quantas verdades corrompidas!

Quantas falsidades entronizadas!

Quantas vidas infligidas!

Por verdades dissimuladas.

 

O tempo traz a verdade,

na vida a ser vivida,

mentiras em castidade,

porquanto, vão ser seguidas!

 

Você faz seu trilhar,

pelas escolhas feitas,

suas ações irão mostrar,

se suas virtudes foram eleitas.

 

Conhecerás risos e alegrias!

Conhecerás prantos e tristezas!

Sua ponderação será a garantia,

de livre-arbítrio sem torpezas!

 

Lutarás por ilusões!

Sentirás a insegurança!

Viverás intensas emoções!

Com tempestades e bonança!

 

 O tempo trará a suprema verdade,

de que um dia irás partir,

seu coração em fraternidade,

será Deus a te conduzir!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Alberto dos Anjos Costa (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de Março de 2021 09:55
  • Comentário do autor sobre o poema: Saber lidar com as frustrações é o grande desafio da vida.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 5


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.