O que faz um casal, que se encontra na paz da união, na tranquilidade e na reciprocidade do amor, na interação de pleno convívio entre carinhos, afetos e ternura, seduzidos pela
impetuosidade sexual de dois jovens enamorados, que se entregam na sinceridade de seus sentimentos; que de forma lúdica, se divertem e se acarinham como crianças, na cumplicidade, e afinidade sentimental; na afetividade participativa, em lídimos ditosos beijos; em um partilhar repleto de alegrias, de paz e harmonia, e de olhares resplandecidos em desejos sublimes por sentirem em seus corações, o êxtase da etérea felicidade.
No tempo em que o casal destituídos de grilhões, de amarras, livres, leves e soltos; cingidos pela sua sagrada liberdade, que lhe oferta independência e autonomia, para compartilharem entre si de regozijos, diversão, passeios, sem o tempo a lhes cobrar a imperativa responsabilidade que o rebento há de suscitar. Dois corações em que o amor cria a mansidão, que galvaniza afetos, meiguices e afagos, e a renovação de duas almas que se descobrem no afã de se eternizarem no ígneo sentimento, que os constrói, que os edifica e os consolida, como dois amantes deveras apaixonados.
Portanto, o que faz com que estes dois seres, que desfrutam do verdadeiro e cintilante amor, conectados por um cálido sentimento de estesia, apossados de ingente júbilo e ventura, possam, renunciar a tudo isto, ou por egoísmo, ou vaidade, ou para manterem a linhagem, ou pela inocência, ou pela procriação da espécie, ou por sendo seres imperfeitos, e por já terem experimentado o ápice do amor em tórrida paixão, se esgotaram, e a rotina, o fastio, o tédio e até uma vida a dois insípida, os incutiram a gostarem de experimentar e de saborear as incertezas, as dúvidas, o indeterminado e o impreciso, através dos sofrimentos, das aflições, dos tormentos; intrínsecos na imperfeição humana; admitindo desta forma, o estresse, as dissonâncias, as insônias, os antagonismos, a beligerância, o temerário; e ensejarem a divisão do amor que outrora era único e indivisível; fragmentando o relacionamento, com discussões, antipatias, aborrecimentos, cobranças, discórdias, e pulverizando o amor, que antes era deleitável, gracioso, franco, radiante e de uma beleza cândida e magnetizante!
Por tudo isso! O que faz com que este casal, desfrutando de tanto amor, ainda pensem em serem pais? Excetuando-se a esta situação, a concepção acidental, aleatória, que envolve o acaso ou sem intencionalidade!
Seria o amor feito de incomensurável coragem? De um ato intrépido? De uma escolha heroica? De uma opção homérica? De ousadia e destemor? Ou seria simplesmente, certa dose de insanidade e o gosto pelas dores que o mundo fomenta, na incerteza do amanhã?
O que é a vida?
Senão um mar de ilusões!
Em que esperanças recidivas,
vão suplantando frustrações!
A vida! Em aprazível útero!
Silente na quietude angelical!
Ansiosa em sentir um novo mundo!
Sôfrega pureza desconhecendo o real!
Devaneios e quimeras em um anjo fecundo!
A vida! A efêmera vida!
Que nasce de disputa incessante,
na vontade indômita da semente!
Pináculo da vitória exultante,
em que o tempo será incisivo e inclemente!
A vida! Estressante!
Quantas noites de insônia!
Quanto choro retumbante!
O rebento sem cerimônia,
quer o colo aconchegante!
A vida! A célere vida!
Périplos de inebriantes aventuras!
Dádiva de auspicioso prospério!
Vida e morte trilhando juntas,
com incertezas, inseguranças e mistérios!
A incipiente vida!
O rebento que se ama é tão puro!
Faltar o amor é carência perigosa!
Educar é promessa de um bom futuro!
Cultivar o respeito é dignidade briosa!
A vida! Em inconstâncias!
Renúncias e sofrimentos de pais,
que veem um mundo demente e descontrolado!
O perigo estampado em jornais,
pelos assaltos que os deixam desolados!
A vida! Em tom real!
Vitórias e derrotas acontecem sempre!
Lágrimas e sorrisos afluirão de repente!
Decepções conhecerás pela confiança em engano!
Nos sofrimentos aprenderás, o escárnio de insanos!
A vida! Em perseverar!
As adversidades servirão para conheceres a ti!
Os obstáculos mostrarão que são úteis e necessários!
Dependerá de você, seguir ou desistir!
A perseverança incutirá sua coragem ao temerário!
A vida! Recompensando os pais!
Tanta abnegação e desprendimento,
pela devoção e renúncia auferida!
E qual será a retribuição do rebento,
quando a missão estiver cumprida?
Para muitos a gratidão,
será o pleno reconhecimento!
Para outros a ingratidão;
que invocará lágrimas em desalento!
Quais seriam suas atitudes Pais?
Se o seu filho se tornasse alcoólatra?
Perdendo o emprego e a dignidade!
Fechariam a ele todas as portas?
Ou tentariam recuperar-lhe a hombridade?
Oh! Que demagogia dolorida!
Do especioso álcool ingerido,
que é droga consentida!
Funestos narcóticos consumidos,
por receitas permitidas!
Pais! O que vocês fariam?
Se visse que seu rebento é homossexual!
O preconceito seria rigoroso e realçado?
Ou, abraçaria pelo amor o desigual,
compreendendo que a escolha não tem culpados?
Respeitar as diferenças;
é o semear da sabedoria;
suprimindo desavenças;
valorizando a harmonia!
Como vocês agiriam Pais?
Se sua filha estivesse em prostituição?
Que a inconsciência gerou a promiscuidade!
A intolerância e abandono entraria no coração?
Ou, acolheria-a, tendo amor e piedade?
Oh! Infaustas almas morrediças!
Que escolheram o errado!
Adentraram em areia movediça;
onde sairão desajustadas!
Pais! Como vocês se sentiriam?
Se descobrisse que seu filho é ladrão?
Que se juntou a amizades dissimuladas!
Denunciaria-o para as grades da prisão?
Ou, fingiriam que não existem vítimas assaltadas?
O crime não compensa!
É verdade já provada!
Tantas vidas com sentenças,
arrependidas e destroçadas!
Como vocês ficariam Pais?
Se soubesse que seu filho é viciado?
Que aleivosos convites levaram-o para a escuridão!
Procurariam Instituição para ele ser desintoxicado?
Ou, deixaria-o em desamparo; em rendição?
Porque as viagens, em seus périplos alucinantes?
Reina o vício suicida, em venturas angustiantes!
Porque o desejo de tantos, em fugir da realidade?
Injetando a própria morte, na ilusão da felicidade!
Pais! Como vocês estariam?
Se aos prantos seu filho viesse a dizer,
que embriagado atropelou um inocente?
Vocês se omitiriam para lhe absolver?
Ou, obrigaria-o a se culpar publicamente?
Os bons tem consciência,
das lágrimas de suas vítimas!
Os maus não tem clemência,
pois, veneram injustiças!
Oh, recônditos pecados!
Que jamais emergirão!
Guardados a sete chaves;
ninguém o julgarão!
Como vocês se comportariam Pais?
Se um pervertido que mora em sua rua,
abusasse de sua filha pelo estupro?
Perdoaria o agressor, mas pedindo sua clausura?
Ou, furtivamente mataria-o num beco escuro?
Oh! Selvagens pervertidos;
estuprando cândida pureza!
É o sexo sem sentido;
fixando traumas e cáustica tristeza!
Esta nua realidade despida de sorte,
exibe o perverso manifestando tragédias!
Acontece mesmo aos que se julgam fortes,
são fatos amargos que se encontram na odisseia!
Sorte! Sorte! Sorte!
Bem aventurada sorte!
Deixando-nos, no lugar,
hora e tempo certo,
para que desventuras,
não estejam por perto!
Pais! Em reflexão!
Despertar o instinto selvagem e primitivo,
que se esconde dentro de nós!
Ou usar de ponderação e controle construtivo,
nos riscos que fazem ver o sofrimento atroz!
Pais em suas conclusões finais!
Que a vida tem cenas dantescas!
Que o inferno está nestas tétricas tragédias!
Que ninguém está imune destas ações grotescas!
Que o purgatório é aqui nesta Divina Comédia!
Quantas verdades corrompidas!
Quantas falsidades entronizadas!
Quantas vidas infligidas!
Por verdades dissimuladas.
O tempo traz a verdade,
na vida a ser vivida,
mentiras em castidade,
porquanto, vão ser seguidas!
Você faz seu trilhar,
pelas escolhas feitas,
suas ações irão mostrar,
se suas virtudes foram eleitas.
Conhecerás risos e alegrias!
Conhecerás prantos e tristezas!
Sua ponderação será a garantia,
de livre-arbítrio sem torpezas!
Lutarás por ilusões!
Sentirás a insegurança!
Viverás intensas emoções!
Com tempestades e bonança!
O tempo trará a suprema verdade,
de que um dia irás partir,
seu coração em fraternidade,
será Deus a te conduzir!