Kiss em chamas
Um passou no vestibular,
Outro já está a se formar...
Todos a festejar,
Cantar...
Dançar...
O calor era humano,
De amizade, de amor...
A chama ?
Paixão pela vida e futuro,
Faíscas de luzes no fim do túnel.
Parecia brincadeira
Toda aquela correria...
Como num pique -esconde
Sem chegar a nenhum lugar,
Não havia porta por onde passar.
De quem foi a culpa?
Estava tudo em dia ou houve descuido?
Parece que o mundo ficou mudo,
Não há quem tenha solução,
Não há rimas nas palavras...
Só a dor no coração.
Escuridão lá na saída,
No palco,chamas do luto concebido,
Fumaça que opaca a visão,
Escurece e queima o pulmão...
Vidas partindo sem terem se despedido.
Órfãos de filhos,
Irmãos sozinhos na estrada...
Tanta gente sem chão,
Corações mutilados
Afogando-se nas próprias lágrimas,
Seguem arrasados.
Cidade sem vida, de nome Maria...
Santa sem santidade, apenas dor.
Sepulcros em atacado,
Vidas amontoadas num galpão,
Cinzas e fuligem na cara
Esperando identificação.
Os dias vão se passar...
De pouco em pouco a cidade voltará a ter cor.
Não será mais tão dourada como antes,
Nem o mesmo perfume terá a flor,
Nem o brilho do olhar dos passantes,
Não ficará esquecida essa dor.
Tantos sonhos sonhados,
Estudos começados
Ou quase terminados...
Meninos e meninas da cidade
Ou da vizinhança,estudantes...
Hoje foram sepultados,
Tantos uns quanto outros,
Os meninos e meninas
E os sonhos tão sonhados!
Edla Marinho
28/01/2013
- Autor: Edla Marinho (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 27 de janeiro de 2021 20:43
- Comentário do autor sobre o poema: Hoje completa oito anos da tragédia da boite Kiss...
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 22
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