Edla Marinho

Kiss em chamas

Kiss em chamas 



Um passou no vestibular,

Outro já está a se formar...

Todos a festejar,

Cantar...

Dançar...

 

O calor era humano,

De amizade, de amor...

A chama ?

Paixão pela vida e futuro,

Faíscas de  luzes no fim do túnel.

 

Parecia  brincadeira

Toda aquela correria...

Como num pique -esconde

Sem chegar a nenhum lugar,

Não havia porta por onde passar.

 

De quem foi a culpa?

Estava tudo em dia ou houve descuido?

Parece que o mundo ficou mudo,

Não há quem tenha solução,

Não há rimas nas palavras...

Só a dor no coração.

 

Escuridão lá na saída,

No palco,chamas do luto concebido,

Fumaça que opaca a visão,

Escurece e queima o pulmão...

Vidas partindo sem terem se despedido.

 

Órfãos de filhos,

Irmãos sozinhos na estrada...

Tanta gente sem chão,

Corações mutilados

Afogando-se nas próprias lágrimas,

Seguem arrasados.

 

Cidade sem vida, de nome Maria...

Santa sem santidade, apenas dor.

Sepulcros em atacado,

Vidas amontoadas num galpão,

Cinzas  e fuligem na cara

Esperando identificação.

 

Os dias vão se passar...

De pouco em pouco a cidade  voltará a ter cor.

Não será mais tão dourada como antes,

Nem o mesmo perfume terá a flor,

Nem o brilho do olhar dos passantes,

Não ficará esquecida essa dor.

 

Tantos sonhos sonhados,

Estudos começados

Ou quase terminados...

Meninos e meninas da cidade

Ou da vizinhança,estudantes...

Hoje foram sepultados,

Tantos uns quanto outros,

Os meninos e meninas

E os sonhos tão sonhados!

 

 

Edla Marinho 

28/01/2013