Era um livro desgrenhado, 
sujo e Mal-amado, 
Sem fios d'oiro em seu retrato, fogo fátuo de uma sepultura aberta, 
Ali, descansava 
o pobre coitado. 
Fora história de uma jovem, 
Que por amor se doou a morte, 
Mártire esquecida atrás de azuleijos azuis, 
com florzinhas Amarelas
em claridade. 
O tinteiro éra a própria história, 
Não a história dita, 
mas, sentida e calada,
Apoiada Sobre linhas trêmulas e amarguradas, 
Em página borrada por duas lágrimas que despencaram sem perceber.
Suplicava Que alguém o lesse, 
Anagramas nas paredes,
Seus desenhos apagados, 
era eu o livro Sepultado. 
Quando fui enterrado, 
Sentia que de mim algo fora tirado, não a vida em si que não mais ruborizava minhas faces, mas o livrete desgrenhado, que escrevi em vida e morte, 
sobre os passos que não dei partida.
E poesiei-me assim, devagarinho, 
ouvindo o assobio
de um homem Lúgubre,
que nem viu, 
que segurava um livro 
em meu cortejo fúnebre.
George Mendes
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                        Autor:    
     
	George Mendes ( Offline) Offline)
- Publicado: 10 de janeiro de 2021 03:05
- Categoria: Triste
- Visualizações: 14

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