Era um livro desgrenhado,
sujo e Mal-amado,
Sem fios d\'oiro em seu retrato, fogo fátuo de uma sepultura aberta,
Ali, descansava
o pobre coitado.
Fora história de uma jovem,
Que por amor se doou a morte,
Mártire esquecida atrás de azuleijos azuis,
com florzinhas Amarelas
em claridade.
O tinteiro éra a própria história,
Não a história dita,
mas, sentida e calada,
Apoiada Sobre linhas trêmulas e amarguradas,
Em página borrada por duas lágrimas que despencaram sem perceber.
Suplicava Que alguém o lesse,
Anagramas nas paredes,
Seus desenhos apagados,
era eu o livro Sepultado.
Quando fui enterrado,
Sentia que de mim algo fora tirado, não a vida em si que não mais ruborizava minhas faces, mas o livrete desgrenhado, que escrevi em vida e morte,
sobre os passos que não dei partida.
E poesiei-me assim, devagarinho,
ouvindo o assobio
de um homem Lúgubre,
que nem viu,
que segurava um livro
em meu cortejo fúnebre.
George Mendes