JUCKLIN CELESTINO FILHO

MATASTE O AMOR, A AMIZADE

 Quem és?

Por que te escondes

Na noite escura?

Do que foges espavorido

Vil criatura?!

Não respondes?

Tu sombra te morde nos pés!

 

O que procuras esconder, criatura,

Em teus devaneios perdido,

Fugindo do próprio vulto,

Que astuto

Segue-te, e te tens querido 

Inclemente alcançar,

Na tua noite infinda de amargura?

 

Responde o vento em reclamo:

 Esse ser de pétreo coração ,

Vate querido,

Que de monstro chamo,

Procura o sonho de ventura,

 Alentado delírios, 

Em louca ilusão!

 

 Nem se dá conta o insano,

Dos crimes cometidos!...

Tempo perdido

Em farras e prazeres mundanos,

Que um dia, inexoravelmente ,

Na poeira do tempo acaba!

Aos isensatos, o reverteres, a paga!

 

 Ele, amigo vento errante,

Não sente o pesadelo cortante,

Atormentando-lhe a alma,

Tirando-lhe a calma?

O remorso não  há 

De lentamente matar

Esse ser desprovido de alma?!

 

Cobrando-lhe

Pelo malfeito perpetrado?

E que ainda  se gaba

Tê-lo cometido?

Ao qual, a consciência 

Lhe tem arremetido,

Cobrando-lhe a traição a um amigo?!

 

O vento esbraveja em resposta,

Farfalhando em minha porta:

-- Nobre poeta, não vê,

Na perversa criatura,

Estampada na cara,

A sentença que exara

No véu da amargura -- culpado?!

 

A sombra que emerge dele insiste,

E persiste, em fustiga-lo!...

O castiga no coração 

E na alma,

Denuncia, desse ser das brumas,

O crime mesquinho de traição --

Aponta o dedo em riste !

 

-- Ele é  o ser da senda mais triste,

Dentre seres impudentes,

Que na face da terra existe:

Uma criatura execrável,

Um miserável 

Cuja maldade, 

Nem sombra de remorso sente.

 

-- Quem és, criatura?

Do  que foges espavorido?

O que  esconder tens querido 

Na noite escura?

Não escutas o eco

Da tua consciência

Que, implacável te acusas?!

 

Pontua a brisa: -- Amiga Lua,

Esse por quem perguntas, traz consigo,

Um  requinte de maldade :

Um punhal  cravaste 

No peito , na alma , do melhor amigo.

  É um ser mísero que mataste 

Cruelmente o amor, a amizade!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Autor: Poeta (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de Janeiro de 2021 08:59
  • Comentário do autor sobre o poema: Poema triste, classifiquei, porque não é só triste, é lamentável, a traição de alguém em quem a gente depositava total e irrestrita confiança, e o tinha por amigo, e de repente, esse pretenso amigo, nos desfere uma punhalada.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 37

Comentários1

  • Maria dorta

    Bela exorcizacao,poeta. O mal por si só se fere. Terminou! E não vale mais nem uma gota de comoção. Chapéu!



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