Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira das mais importantes, sendo uma das primeiras autoras negras do Brasil.
Ela é reconhecida pelo seu livro: “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”, que foi publicado no ano de 1960 e se tornou um best-seller.
O que torna sua história ainda mais intrigante é o fato dessa autora ter residido na favela e ganhado a vida como catadora de lixo, lá sendo o local de onde nasceram suas primeiras obras.
Sobre a vida de Carolina Maria de Jesus
A autora, que nasceu em 14 de março de 1914, teve uma infância muito difícil.
Neta de escravos, ela veio de uma família muito pobre, seus pais eram analfabetos e residiam numa comunidade rural, juntamente com seus outros sete irmãos.
Natural de Sacramento, Minas Gerais, Carolina começou a estudar com sete anos e aprendeu muito rápido a ler e a escrever. A garota gostava muito de ler e, aos poucos, seu interesses pela escrita foi aumentando.
No entanto, teve que abandonar a escola porque sua mãe precisou mudar para a roça, já que a vida na cidade não estava indo bem. Ela, sua mãe e seus irmão sofreram com a fome, o frio e também por não terem uma casa para morar.
Quando sua mãe faleceu em 1937, Carolina Maria de Jesus mudou-se para a cidade de São Paulo. Com 33 anos, grávida e sem emprego, ela então passa a morar na favela do Canindé.
Com suas próprias mãos, Carolina constrói o seu próprio barraco, e é lá onde nascem e vivem seus três filhos, cada um de um relacionamento diferente. De acordo com ela, não haveria um homem para entender a sua paixão e necessidade pela literatura: vivia rodeado por cadernos e livros.
Para sobreviver, ela catava papelão e nos tempos vagos ela aproveitava para registrar o seu dia a dia em cadernos que encontrava no lixo. Nesses escritos, além do dia a dia como adulta, fora registrada também a vida difícil que teve em sua infância.
Não sabia ela que, tempos mais tarde, esses cadernos com anotações do seu cotidiano dariam vida ao seu primeiro e mais famoso livro “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”.
Esse best-seller foi traduzido para 16 idiomas e vendido em cerca de 40 países.
A descoberta do seu talento
A descoberta da autora foi feita por um jornalista que estava na favela onde ela residia para fazer uma matéria.
O jornalista viu ela discutindo com os rapazes que estavam ocupando o parquinhos das crianças e ameaçou escrever o nome deles em seu livro. E isso despertou a curiosidade dele.
Conhecendo o trabalho de Carolina Maria de Jesus, o jornalista publicou alguns dos textos escritos por ela no jornal e reuniu outros para o primeiro livro dela publicado em 1960 (“Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”,).
Depois dali, a escritora brasileira, de origem humilde, passou a viajar para vários locais e ser chamada para fazer palestras, a fama começava em sua vida. Até mesmo escritores de renome como Manuel Bandeira e Rachel de Queiroz passaram a comentar sobre Carolina.
Com o sucesso desse primeiro livro, a autora muda-se para Santana, um bairro de classe média da capital paulista.
Além desse primeiro livro, ela lançou mais dois: Pedaços de Fome (em 1963) e Provérbios (1963). E também teve músicas de sua autoria gravadas num LP.
As obras dela foram traduzidas para vários idiomas. No entanto, a fama durou pouco, pois com o tempo foi esquecida, tendo que regressar a antiga vida como catadora de papel.
Carolina Maria de Jesus faleceu em 13 de fevereiro de 1977, aos 63 anos, devido a problemas de insuficiência respiratória.