"Este ano eu quero paz no meu coração..."
E assim ao som dessa canção
Embalamos a chegada de dois mil e vinte
Abraços, beijos e apertos de mão
O céu iluminado por luzes de rojão
Vimos o relógio dos homens
Implacavelmente mudar o ponteiro
Sem presa, sem pular nenhum segundo
Máquina precisa de engenheiro
Mais um ano a nos entregar
Nos quatro cantos deste mundo
Tempo propício para sonhar
Novas promessas
Velhas vontades
Amores para se vivenciar
Juras de fidelidade diante do altar
Um emprego novo alcançar
Finalmente, ganhar mais dinheiro
Carnaval nas praias do Rio de Janeiro
Menos trabalho e mais passeio
Um bebê para completar a família
Planos para um ano inteiro
E dois mil e vinte parecia começar
Talvez o outro lado do mundo já temia
Que o vírus poderia virar uma pandemia
Mas por aqui quase tudo calmaria
Agitação só no esperado carnaval
Com muitos gringos a nos visitar
Samba, cerveja e alegria
Uma nação embebedada na euforia
Suspender a “festa do povo” que político ousaria?
Depois fecha-se tudo e que se dane a economia
Lockdown como solução para a grande maioria
Revelou-se muita verdade
No dito popular que afirma:
Que por aqui o ano só começa
Quando o carnaval termina...
Mas este ano não começou
Descobrimos que Raul Seixas
Certa vez se meteu a profeta
Quando para o mundo cantou
“O dia em que a terra parou”
Mais acertado estaria se dissesse:
O ano que o mundo parou.
Dois mil e vinte
O ano que não sonhamos
Em que vimos nossos planos
Ficarem cada vez mais distantes
Descobrimos que o vírus tem poder
Para fazer um pais inteiro se ajoelhar
Só de longe poder chorar
Enterrando os mortos sem poder velar
Redescobrimos que somos vidas frágeis
Não temos as rédeas do nosso próprio destino
Foi tudo falácia do marketing e ficamos convencidos
No horizonte despontou uma esperança
Começamos então a acreditar
Na chegada de uma solução
Mas sempre tem a política
Que transforma tudo em briga
Pasmem! Desta vez a intriga
É sobre qual é a melhor vacina
A dos outros ou a da China?
Na falta de líderes qualquer um pode palpitar
Onde todos sabem quase tudo
Somos como cães cegos guiados por um surdo
Estranha sensação
De um ano que desejamos
Que logo acabe
Mas desta vez temos a percepção
De que sabemos o que esperar
Do tamanho do desafio a enfrentar
O importante é que não deixemos de sonhar
E dois mil e vinte e um vem aí
Somos do Brasil povo guerreiro
Sofrido, explorado, mas gente de fé
Que outra nação declara que Deus é brasileiro?
Pedro Trajano de Araujo
19 dezembro 2020
Penápolis SP
- Autor: Trajano (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 20 de dezembro de 2020 15:25
- Comentário do autor sobre o poema: Comecei a escrever este poema na última terça feira (15/12) no posto de saúde aqui da minha cidade, enquanto esperava para fazer um exame de covid-19. Graças a Deus deu negativo. Mas tudo isso me fez pensar sobre este ano de 2020.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 28
Comentários2
Belo texto amigo poeta.
Abraços,
Obrigado amigo poeta
Verdadeiramente perfeito e real situação....parabéns
Obrigado Ana pela visita e comentário.
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