Desejava compor a ti os mais belos versos
Mas para tal tarefa, sem poemas simplórios
Invoco o enlevo de meu quimérico encéfalo
Peço um cenário radiante, ébrio e benévolo
Na relva verde e pura, com o sonar dos dilúvios
Sob atmosfera púrpura, o mais doce dos eflúvios
De todos os romances, entre turbilhões e afeições
Diversidade de nuances, vislumbrei inúmeras feições
Confinado diante de minha inocência deveras desfavorável
Enfezado não obstante a gana de um amor tão improvável
Lamento estar distante, refuto este destino ser tão injusto
Alento a todo instante, fruto assaz benigno, ser sagaz e vetusto
Quem saberias responder-me esta pergunta agudamente angustiante
Por que os mais fabulosos desejos nascem e morrem em nossa mente?
Talvez este dramático romance tramado somente em minha psique
Jamais impere a fim de não despossar neste mundo assim enfastiante
E quando neste orbe austero retorno, na algia bebo trago de alambique
Desencadeio em euforia esta alma introspectiva, tênia e assaz tocante
Entorpecido, quase adormecido, uma faísca de argúcia roga a ti em meus sonhos
Venha, venha de encontro a mim, me deixe suas lindas madeixas acaricia-las
Quero afagar sua linda e misteriosa face tão graciosa, ah! Meu âmago se arrepia
Gracejar ao seu lado e contigo estar entrelaçado, para falar de livros e filosofia
E deste airoso cenho, ficar mais angelical? Talvez uma flor sob seu cabelo magistral
E entre abraços e beijos, deleitar-me, deliciar-me num mar de pétalas de rosas
Mas desperto, onde estás? Tudo se desintegrou! Foram essas ideações tortuosas
Um corisco letargo ainda te procura, quero ver-te! Nada se não um silêncio sepulcral!
E cá estou, deplorando e me compadecendo, perdido em meio a este irrisório ensejo
Você diz enviar energias positivas, eu as recebo, contudo, meu espectro surge e urge!
Tu! Pertence as sombras e a escuridão! Teus seres tenebrosos assentem tua apartação!
E eu escalando o monte depresso, desequilibro e novamente estou ao fundo do poço!
E assim somos, combinamos como Werther e Carlotta
E por fim dissociamos, você em sua odorífica estrada
E eu vagando e me cegando, sob espinhosa e ímproba rota
- Autor: Godhici Reverie (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 9 de dezembro de 2020 11:02
- Categoria: Gótico
- Visualizações: 16
Comentários1
Um poema angustiado,mas com gotas de amor irrealizado...faltou coragem a quem?
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