Henrique Amaral

De Repente Alguém

De Repente Alguém (*)

 

De repente  aparece alguém tão melhor que a gente, que nos deixa desarmado,

e nossos canhões de raciocínio lógico, nossos mísseis de racionalidade,

viram uma carabina velha, diante de tal verdade.

 

Décadas de construções de argumentos congruentes,

horas de estudo de teorias e métodos científicos,

tudo por água abaixo, diante de tanta sinceridade.

 

E toda a preparação de uma vida, coerência, fundamento, sensatez,

revestida da mais judiciosa blindagem da certeza, se dissolve diante de tamanha bondade.

 

Então, expostos pela queda das defensas da mente ágil, porém tola,

atuando como um paradoxo de nós mesmos, movidos por uma raiva infantil,

ou por medo talvez, tentamos ainda resistir a essa eletricidade.

 

No entanto, somos colhidos por essa docilidade

e nessa hora sentimos uma alegria inédita por nossa finitude,

que nos permite nos entregarmos a essa imensa felicidade.

 

E diante desse todo de pureza, disso tudo de beleza, dessa tanta lealdade,

a gente se rende, se entrega, se prende

e se sente bendito nessa vida e abençoado pela divindade.

 

(*) Henrique Amaral

   

 

  • Autor: Henrique Amaral (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de Novembro de 2020 03:53
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 6
  • Usuário favorito deste poema: Henrique Amaral.


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